Moro diz que as muitas divergências entre juiz e MPF provam que não houve conluio

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Moro exibiu as estatísticas que comprovam sua imparcialidade

Pepita Ortega e Fausto Macedo
Estadão

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, se apresentou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na manhã desta quarta, 19, para falar sobre supostas mensagens trocadas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa Lava Jato em Curitiba. As conversas foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil são relativas à época em que o atual ministro era juiz federal em Curitiba.

Transmitida ao vivo pelo canal do Youtube da TV Senado, a sessão foi iniciada pela senadora Simone Tebet (MDB) e após pronunciamento dos senadores Humberto Costa (PT) e Major Olímpio (PSL), Moro disse que ao ir à CCJ tinha a ideia de ‘esclarecer o sensacionalismo que está sendo criado em cima das notícias’ e iniciou sua fala abordando os resultados da Lava Jato.

DIVERGÊNCIAS – O atual ministro da Justiça indicou que 90 denúncias foram apresentadas pelo Ministério Público no âmbito da investigação e que 45 ações foram sentenciadas. Ele destacou que o MP recorreu de 44 decisões. Segundo ele, ‘os dados indicam que não há nenhuma espécie de conluio’.

Moro indicou ainda outros dados relativos à 13ª Vara: 41 acusados no total, 211 condenações, 63 absolvições, R$ 2,767 bilhões resgatados. “Não há qualquer convergência entre Ministério Público e o juízo”, disse o ex-juiz.

O ministro da Justiça afirmou que foi informado sobre os ataques a dispositivos de procuradores da Lava Jato e comentou sobre a tentativa de invasão a seu celular que ocorreu no último dia 4. Moro disse que recebeu três ligações de seu próprio número e depois uma mensagem perguntando se havia entrado no aplicativo de mensagens Telegram.

VÁRIOS HACKERS – O ministro diz não acreditar que a invasão de seu aparelho seja resultado de um único hacker. “Pensei que, saindo da magistratura, este revanchismo e ataques ao trabalho de juiz teriam acabado. Na minha avaliação sempre entendi que a única coisa que eu fiz foi cumprir meu dever, com a máxima correção”, destacou Moro.

Ele disse ter ficado ‘surpreso pelo nível de vileza das pessoas responsáveis por esses ataques’. “Utilizar isso para minar esforços anti corrupção que são conquista da sociedade brasileira.”

“O que existe é uma invasão criminosa por um grupo criminoso que tenta invalidar condenações ou obstaculizar investigações que ainda estão em andamento ou ainda um simples ataque às instituições brasileiras”, disse o ministro. E sobre a autenticidade das conversas, Moro indicou que não possui mais as mensagens e que deixou de usar o Telegram em 2017.

COISA COMUM – O ministro afirmou que ‘na tradição brasileira não é incomum que juiz receba procuradores e se converse sobre diligências’.

Moro foi questionado se o conteúdo das mensagens atribuídas a ele não maculou suas decisões e se aceitou ser ministro da Justiça depois da promessa de Bolsonaro que seria indicado para uma cadeira no Supremo. Foi questionado se essa condição também não seria um ato de corrupção, um típico toma lá dá cá.

Ele reiterou que não tem como se lembrar de mensagens que enviou ou recebeu há alguns meses. “Querem que eu lembre de mensagens de dois, três anos atrás? Não tenho como.” Disse, novamente, que ‘essas mensagens podem ter sido adulteradas’. “Tirando o sensacionalismo não se vislumbra qualquer ilicitude (nos diálogos a ele atribuídos)”, afirmou o ministro.

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