Marighella, de Wagner Moura, estreará dia 20 de novembro no Brasil

Anúncio foi feito pelo ator e diretor durante a exibição de seu primeiro longa no Festival de Cinema de Sydney, Austrália

Marighella, de Wagner Moura, estreará dia 20 de novembro no Brasil
‘Este é um filme sobre resistência’, disse o diretor (Foto: Divulgação/Sydney Film Festival)

Emanuelle Bezerra

Diante de um teatro lotado, com 2 mil pagantes, Wagner Moura sorri e diz que traz boas notícias. Durante a exibição de Marighella no Sydney Film Festival, o ator, que fez sua estreia como diretor com o thriller político, conta a uma plateia de muitos brasileiros na Austrália que seu primeiro longa finalmente tem uma data para estrear no Brasil: 20 de novembro. O Dia da Consciência Negra marcará o fim das imensas dificuldades para distribuir o filme no país.

Sydney Film Festival (Foto: Divulgação/Sydney Film Festival )

Marighella é a cinebiografia do ex-deputado, poeta e guerrilheiro Carlos Marighella. O roteiro é baseado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães, Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo. Estrelado por Seu Jorge no papel principal e por Bruno Gagliasso, como seu antagonista, o filme conta ainda com a atuação marcante de Adriana Esteves e Herson Carpi nos personagens históricos. Além deles, os atores jovens – que dão vida aos guerrilheiros que estavam com Marighella em seus últimos quatro anos de vida – emprestam seus nomes aos personagens. Segundo Moura, em um evento após a exibição do filme, este foi um pedido dos atores que queriam “assinar” este trabalho.

As primeiras cenas do filme são dedicadas aos letreiros tradicionais de filmes históricos, eles mostram o contexto em que vivia o personagem: um Brasil pós golpe militar sob grande influência do governo dos Estados Unidos. Os americanos pretendiam permanecer no país a fim de “prevenir o comunismo” por um curto período. O filme assume seu posicionamento logo nessas primeiras imagens.

Teatro lotado, com 2 mil pagantes (Foto: Emanuelle Bezerra)

As escolhas de Moura para transmitir a mensagem do filme ao seu público prioritário, os jovens brasileiros, passam pela câmera tremida acompanhando os personagens às músicas nacionais em ritmos apelativos como hip hop e muito foco nas expressões dos atores, sobretudo de Seu Jorge, que interpreta um Marighella divertido e furioso ao mesmo tempo.

Os últimos anos de vida de Marighella são apresentados para o público em um filme de duas horas e trinta e cinco minutos com cenas de ação e humor focadas na dramaticidade dos personagens. Moura explica que não teve a intenção de fazer um filme didático, apesar de saber que o filme será provavelmente o primeiro contato com este personagem de muitos brasileiros.

“Eu tenho um fascínio pelas histórias não contadas. Este é um filme sobre resistência. No Brasil nós não conhecemos a história do povo que resistiu e que ainda resiste. Resistiu à escravidão, resistiu à ditadura e continua resistindo até hoje, sobretudo o povo negro. Este é o motivo pelo qual eu quis contar essa história”, disse o diretor.

Wagner Moura disse ainda que estava preparado para as reações adversas, além da dificuldade de captação de recursos para a realização desse trabalho, mas que ele não imaginava que encontraria tanta resistência para distribuí-lo no Brasil.

Mas, para o diretor este é um filme urgente que conversa com o Brasil atual, mesmo tendo sido pensado muitos anos antes. “Se eu tivesse lançado este mesmo filme em 2014 seria uma obra completamente diferente da obra que se tornou agora”, afirma Moura. O diretor repete que apesar de o filme ir de encontro às ideias do atual presidente, Jair Bolsonaro, esta é uma obra que transcende esta gestão e que de modo algum foi pensada como uma reação a ele. “Eu disse em Berlim e repito: esta obra é muito maior que o Bolsonaro”.

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