Bolsonaro gera crise para tentar se vitimar

Por Jorge Oliveira (foto)

Atenas, Grécia – Bolsonaro continua patinando, enquanto o astrólogo Olavo de Carvalho, o guru, insiste em destratar os militares jogando nos ombros deles a ineficiência do governo. Ora, pelo que se sabe, os dois ministérios que mais geraram polêmicas até agora foram os que Carvalho indicou seus titulares: Relações Exteriores e Educação. Quanto aos outros, não funcionam porque os escolhidos não têm quem os lidere, pois, o capitão continua fazendo macaquices populistas pelo país e mundo afora enquanto o país derrete. O governo, que caminha para os cinco meses, ainda não tem corpo e nem espírito. E, como um zumbi, vagueia nas trevas, cego e desordenado a caminho do nada.

Na surdina, a economia anda, a passos trôpegos. Guedes aproveita-se ainda da euforia da seita bolsonarista para entregar as empresas brasileiras. Já disse até para os jornalistas que eles iriam ter uma grande surpresa com as novas ofertas que faria de outras estatais ao mercado privado. Isso quer dizer que ele prepara, na moita, a venda das galinhas dos ovos de ouro. E quando os apoiadores do capitão abrirem os olhos, os bancos e as empresas estrangeiras – americanas e chinesas – já os terão como trabalhadores escravos em pleno século XXI, pois é assim que agem os colonizadores modernos.

A venda do país é tão despudorada que até a Petrobrás o Guedes vai jogar na sacola de vendas. O pretexto é que a empresa foi saqueada pelos petistas e, portanto, deverá ser preservada nas mãos das empresas privadas. Ao pensar em vendê-la, com a passividade do capitão que já disse não entender patavinas de economia, será aplaudido em praça pública e reverenciado pelos bolsonaristas descerebrados. Não imaginam, esses neófitos, que estamos entregando de mão beijada uma das maiores reservas de petróleo do mundo.

E quem detém esse potencial e os recursos minerais que o Brasil dispõe é uma questão de tempo para virar uma nação soberana economicamente. Se isso ainda não ocorreu é porque continuamos ignorantes na escolha dos governantes. Se o eleitor errou nos quatorze anos da quadrilha petista, segue no mesmo caminho na escolha de um obscuro e desqualificado dirigente, o capitão. Ninguém, a essa altura do campeonato, é a favor de um poder estatizante. O mundo globalizado exige uma economia livre, dinâmica, moderna e avançada tecnologicamente para competir com o mercado internacional. Mas daí o país leiloar a preço de bananas suas empresas estratégicas é um entreguismo desmensurado.

O governo do capitão é caótico, ninguém se entende. Todas as vezes que ele se mete na administração é um desastre. Em um telefonema desautorizando o aumento do diesel, provocou um prejuízo de 35 bilhões de reais a Petrobrás. Depois, na maior cara de pau, confessou aos auxiliares que não sabia como era a composição dos preços dos derivados de petróleo. O parlamento está sem articulação, esfacelado, sem liderança para comandar a base do governo.

O projeto anticrime do Moro anda a passos de tartaruga. O governo não tem na Câmara dos Deputados quem articule para que avance, mesmo sendo um plágio do então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, como acusou o presidente Rodrigo Maia. A Reforma da Previdência é uma colcha de retalhos, que só prejudica o trabalhador. O capitão culpa a velha política pelo seu desarranjo na base, como se ele, com quase 30 anos de parlamento, fosse algo novo. Mas se o leitor cravar aqui que o capitão não conhece como funciona a Câmara do Deputados está acertando em cheio.

Nos sete mandatos como deputado, o capitão sempre esteve no baixo clero. Não se conhece dele nenhum projeto ou qualquer ação em uma das dezenas de comissões do parlamento. Vivia de provocar seus pares e representar as Forças Armadas para continuar se reelegendo com o contingente de votos dos militares (assim instalou a família na política). Apagado e marginalizado por colegas por suas posições rudes e fascistas, passava a maior parte do tempo isolado nos salões e corredores da Câmara, pois os próprios colegas o achavam grosseiro e repugnante. Portanto, não é de se estranhar que ele não conheça como opera o legislativo.

Chegou a presidência no antipetismo que encarou melhor do que os outros candidatos. Aproveitou-se de uma nação desiludida e frustrada com a quadrilha dos petistas e “vendeu” a ideia do novo que logo a população desesperada acolheu com toda fé. Mas nesses últimos cinco meses de governo, o capitão não botou a máquina para andar por um motivo muito simples: é incompetente e inapto.

Quando estimula o seu guru Olavo de Carvalho a abrir a boca pornográfica para enxovalhar os próprios militares, principalmente o vice Mourão, não tem noção da crise que provoca no seu governo já aparentemente desestabilizado.

Bolsonaro aposta no quanto pior melhor para se vitimar, tipo: “Eu tentei, mas vocês não deixaram”. Só ainda não imaginou que pode deixar o Planalto na mesma cruz que carregou Collor e Dilma.

Diário do Poder

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