Crivella culpa Eduardo Paes, que faliu o Rio com o legado da Copa e da Olimpíada

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, fala com a imprensa no Palácio da Cidade, em Botafogo, zona sul da cidade.

Marcelo Crivella afirma que Eduardo Paes faliu a prefeitura do Rio

Carlos Newton

No Rio de Janeiro, a comissão especial  instituída pela Câmara de Vereadores para analisar o pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella (PRB) já fez a notificação, na tarde desta sexta-feira. Agora, o prefeito tem 10 dias para apresentar defesa.

A abertura do processo de impeachment foi aceita pelos vereadores na terça-feira (dia 2), com 35 votos favoráveis à admissibilidade do processo e 14 contra.

DENÚNCIA – A denúncia contra Crivella foi apresentada por Fernando Lyra Reys, fiscal da Secretaria Municipal de Fazenda, arguindo  irregularidades em contratos de exploração publicitária de pontos de ônibus e relógios digitais, prorrogados através de aditivos, sem licitação. Se fosse um julgamento em tribunal, o prefeito teria muitas dificuldades para recorrer, a sorte dele é que se trata de um julgamento político, com argumentos igualmente políticos.

Na defesa, o prefeito vai culpar seu antecessor, Eduardo Paes (MDB), por ter falido o Rio de Janeiro, como legado da Copa do Mundo e da Olimpíada, e esta informação é rigorosamente verdadeira.

Quando César Maia (DEM) entregou a prefeitura a Paes, em 2009, deixou R$ 1,3 bilhão em caixa, com R$ 600 mil em superávit. Oito anos depois, ao transmitir o cargo a Crivella, o então prefeito Eduardo Paes deixou em caixa apenas R$ 80 milhões e uma confusa contabilidade, em que havia R$ 1,3 bilhão em empenhos cancelados, apesar de os serviços terem sido prestados ou os produtos  fornecidos ao município.

NO VERMELHO – No desespero para pagar os salários dos servidores, Crivella procurou o BNDES e foi informado pela então presidente Maria Silva Bastos que a prefeitura estava devendo um empréstimo de R$ 800 milhões, por conta da Olimpíada.

Desde então, Crivella se equilibra na corda bamba do déficit. Em sua defesa, argumenta que a Procuradoria do Município tinha autorizado um aditivo aos contratos com agências de publicidade, prática que começou na gestão anterior, com Eduardo Paes.

“A iniciativa para fazer esse aditivo não foi minha, veio do governo anterior e demorou muito para ser processada. E esse parecer foi acatado por mim. Há sempre algumas ressalvas, mas não tocava no âmago, naquilo que era importante. Eu disse: autorizo, pode ser feito, não há prejuízo para o erário. Aliás, esse é o parecer da Controladoria: que não havia prejuízo para o erário”, disse ao repórter Douglas Corrêa, da Agência Brasil.

CRISE TERRÍVEL – “Há uma dívida imensa. Naquele momento, nós precisávamos muito desse aditivo para pagar a folha de pagamento, para pagar os aposentados. Todo mundo cobra mais investimento na saúde, as pessoas no hospital, os aposentados – ninguém pensa neles? Não é justo, então, a gente ter obtido aqueles recursos para cumprir [as obrigações], num momento em que a prefeitura estava rigorosamente sem recursos?”, questionou.

Por incrível que parece, Crivella está com a razão, porque Eduardo Paes realmente deixou o Rio de Janeiro falido, como legado da Copa e da Olimpíada.

Desde que assumiu, por ser um dos sócios da TV Record, Crivella sofre campanha implacável da Organização Globo, que sempre defendeu ardorosamente Eduardo Paes e tentou elegê-lo governador no ano passado.

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