Aleluia, irmão! Bolsonaro enfim começou a governar e foi logo desautorizando Guedes

Jair Bolsonaro ofereceu café da manhã a jornalistas na manhã desta sexta-feira (5) no Palácio do Planalto â?? Foto: Marcos Corrêa/PR

A alegria de Bolsonaro ao receber os jornalistas era contagiante

Carlos Newton

Recentemente, morreu Domingos de Oliveira, um personagem verdadeiramente notável pela vida e pela obra de cineasta, ator, diretor de teatro e escritor. Certa vez, conversamos durante horas em seu apartamento no Leme, numa entrevista para “Ultima Hora”, quando ficamos amigos de infância. E o título da matéria foi “A Ciência tem um encontro marcado com a Magia”, que era a tese que partilhávamos.

Realmente, para aqueles que têm fé, nada é impossível. Aqui na “Tribuna da Internet”, respeitamos todas as religiões e não discriminamos nenhuma delas, mas desde sempre somos editorialmente ecumênicos, respeitamos e defendemos o direito de existirem pessoas que prefiram o ateísmo, embora para nós seja Deus sobre todas as coisas, não importa a concepção que você tenha de Deus.

UM MILAGRE – Esta semana, como no “Soneto da Separação”, de Vinicius de Moraes, não mais que de repente houve um milagre na política brasileira e o presidente Jair Bolsonaro resolveu começar a efetivamente governar.

Já estávamos jogando a toalha, por julgar que iriam continuar prevalecendo a arrogância, a soberba e a presunção dos criadores da chamada “Nova Política”, que vivem a olhar para trás, pelo retrovisor, ao invés de perceberem o que vem pela frente, para conseguir percorrer um caminho seguro.

Eis que de repente Bolsonaro não somente começou a dialogar com o Congresso, sem aquela empáfia de “a bola está com eles”, como também decidiu restaurar a democracia interna no Planalto, ao convocar a primeira entrevista com a presença de todos os principais órgãos de imprensa do país.

NÃO DOEU NADA – Foi uma surpresa a presença de jornalistas do grupo Globo, da Folha/UOL, do Estadão, Valor e todos os demais pesos pesados da comunicação. Não doeu nada. Pelo contrário, a alegria do presidente era contagiante. Abandonou o triste papel de “perseguido pela imprensa”, que jamais poderia ter assumido, porque é um vitorioso que se tornou presidente de todos os brasileiros. Portanto, está acima de todos, ninguém pode persegui-lo. Ao mesmo tempo, é igual a qualquer outro cidadão e não pode perseguir ninguém.

E Bolsonaro assumiu a Presidência em toda a sua plenitude. Mostrou que não está subjugado a ninguém. Embora tenha insistido que não entende de economia, jogou no lixo a carta branca do ministro Paulo Guedes e mandou um recado direto a ele.

“O mais importante são o teto e o tempo de contribuição. Capitalização pode ficar para um segundo turno. Pode ter reação (do Congresso). A Câmara é quem vai decidir. Se tiver reação forte contra a proposta … uma coisa ou outra vai desidratar” — disse o presidente, segundo o relato de Alan Gripp e Paulo Celso Pereira, de O Globo.

PERGUNTE AO MAIA – O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ainda tentou minimizar a possibilidade de retirada, dizendo que a capitalização era “muito importante”. Mas Bolsonaro reafirmou sua posição: “Não estou sugerindo mexer nisso ou naquilo. Estou ouvindo líderes. Não tenho o poder de dizer deixa isso ou aquilo” — afirmou, sinalizando que caberá à Câmara a definição do texto final: “Reforma vai ser boa se passar. O que vai passar tem que perguntar para o Rodrigo Maia e o pessoal lá”.

No desespero com a declaração de Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes voltou a afirmar que a capitalização tem capacidade de reduzir o desemprego. “Vamos criar empregos e podem ser milhões de empregos rápidos se formos para a Previdência nova por causa da desoneração dramática dos encargos trabalhistas”, disse ele, num evento em Campos do Jordão.

O fato é que Guedes alega que, ao deixar de contribuir para a Previdência via folha de pagamento, os empresários usariam esses recursos para contratar milhões de trabalhadores, ao invés de aumentar seus lucros.

PEIXE PODRE – Como Piada do Ano, é até aceitável, mas Guedes fala sério e quer vender esse peixe podre ao governo e ao Congresso, mas Bolsonaro acaba de lhe dizer não.

Para quem acha que Guedes pode se aborrecer e sair do governo, conforme já ameaçou, podem esquecer. Ele vai se agarrar desesperadamente ao cargo, para garantir o foro privilegiado, caso contrário será processado e condenado na primeira instância da Lava Jato, que está colecionando provas concretas contra ele, pelos prejuízos que deu aos fundos de pensão, fazendo aplicações em suas próprias empresas (dele, Guedes), vejam a que ponto chega a desfaçatez desses “operadores financeiros”. E la nave va, cada vez mais bolsonariamente.

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