Reflexões sobre Leonel Brizola, um líder que levava a política muito a sério

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Tancredo Neves e Pedro Simon visitaram Brizola em Nova York

Antonio Santos Aquino

Fiquei interessado no link sobre Brizola sugerido por Carlos Alverga. É bom de ser lido por quem se interessa em conhecer melhor o grande político gaúcho. Entretanto, eu que sou trabalhista seguidor de Getúlio, Jango e Brizola, tenho o dever de fazer uma correção a que a História nos obriga.

Diz o link que Brizola tinha dificuldade de relacionamento com outros políticos e cita em primeiro lugar Fernando Ferrari. Não discordo que tenha sido um político de razoável projeção, mas Brizola nunca teve dificuldade de relacionamento com ele.

SEM CONVERSINHAS – Brizola era um homem de personalidade rígida, levava muito a sério sua condição de político; não era homem de conversinhas, tudo para ele era levado com seriedade. Para nós, trabalhistas de priscas eras, e para a história do PTB, “Fernando Ferrari foi um traidor “, queria ser candidato no lugar de Lott, tanto é que saiu do partido e candidatou-se a vice-presidente por dois outros partidos em 1960. Brizola era governador do Rio Grande do Sul e nada tinha com a história.

Saturnino Braga abrigou-se sob as asas do caudilho que voltou do exílio. Depois Brizola o elegeu prefeito. O que fez Saturnino? Fechou a “Fábrica de Escolas” e demitiu 2.000 empregados. Lógico que Brizola exigiu que saísse do partido.

Quanto a Cesar Maia, um ótimo político, prestou inestimáveis serviços ao PDT e ao próprio Brizola no “afaire” Proconsult. Queria que Brizola combatesse os camelôs. Brizola lhe perguntou: Tens empregos para dar a essa gente? Essa foi a razão da saída de Cesar do PDT.

MAIA, UM AMIGO – Cesar Maia saiu do PDT de maneira respeitosa e manteve com Brizola relações de amizade. Posteriormente, elegeu-se prefeito. Na segunda eleição para prefeito, Garotinho lança Benedita e Conde contra Cesar. Cesar foi a Brizola propor-lhe a vice. Brizola disse a ele: “Cesar ,tu criaste uma guarda que fica batendo em camelôs, nós não podemos aceitar o convite”.

Cesar despediu-se e Brizola disse à militância que assistiu tudo: “Os senhores estão liberados para votar com suas consciências. Eu votarei em Cesar”. Claro que Cesar Maia ganhou. Já o Jaime Lerner, no Paraná, foi cooptado pelo PFL.

CASO FIGUEIREDO – Sobre o aumento de um ano no mandato de Figueiredo, é uma história mal contada. Como dizem agora, uma “fake news”. Vejamos: a ideia de aumentar o mandato de Figueiredo surgiu da entourage do presidente. O coronel e ministro Cezar Cals fez a sugestão para que Figueiredo presidisse a Constituinte. Mas viram que só os que facilmente apoiavam eram os partidos da direita. Precisavam de um partido de esquerda, Brizola foi convocado a Palácio e ouviu a proposta.

“O compromisso de Brizola foi claro. Se o governo mandar um projeto de lei sobre essa proposta de prorrogação, o PDT votará a favor. Dante de Oliveira, Lula, Tancredo e Ulysses tomaram conhecimento por Brizola. Ulysses aceitou a proposta. Mas logo a seguir Tancredo diz a Ulysses: Olha, Brizola terminará seu mandato na mesma data, será um candidato fortíssimo e ganhará a eleição. Ulysses então retroagiu e nada foi realizado.

Completando: sobre a posse do vice Sarney, o senador Afonso Arinos de Mello Franco já tinha feito um parecer jurídico e dado ao general Leônidas Pires Gonçalves para usá-lo, se fosse necessário. Essa é verdade histórica.

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