PF mira pessoas que estariam atrapalhando investigação da morte de Marielle

Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro. Corporação diz que só atua no caso para identificar ‘entraves e obstáculos’

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A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta-feira (21/2), oito mandados de busca e apreensão, no Rio de Janeiro, contras pessoas que estariam atrapalhando as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes.
De acordo com a PF, as medidas constituem fase intermediária de investigação de caráter sigiloso e foram autorizadas pela Justiça Estadual, após submetidas ao Ministério Público do Rio de Janeiro. “Em razão das circunstâncias do caso e necessidade efetiva de manutenção do sigilo das investigações em curso, não haverá qualquer manifestação da equipe encarregada dos trabalhos”, diz em nota.
A PF também informou que as investigações a cargo da corporação se restringem “à identificação de entraves e obstáculos dirigidos à investigação dos crimes, estando a cargo dos órgãos de segurança do Estado do Rio de Janeiro a apuração da autoria, motivação e materialidade de tais eventos criminosos”.
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Resultado de imagem para A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, do PSOL, foi morta a tiros na noite de quarta-feira (14/3), dentro do carro em que seguia para casa(foto: Mauro Pimentel/AFP )  
A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, do PSOL, foi morta a tiros na noite de quarta-feira , dentro do carro em que seguia para casa                                                (foto: Mauro Pimentel/AFP )

Jungmann colocou PF no caso

A PF entrou no caso, no ano passado, quando o então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ordenou que a Polícia Federal apurasse se agentes do Estado estariam interferindo nas investigações da Polícia Civil. De acordo com o ministro, havia indícios relevantes de práticas de corrupção, ocultamento e compra de agentes públicos para impedir a descoberta dos mandantes do crime.

Quase 1 ano 

As investigações, sem solução, sobre o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Pedro Gomes completarão um ano no próximo dia 14. Eles foram mortos a tiros no centro do Rio de Janeiro após um evento político. As investigações são resguardadas por sigilo. Não faltam hipóteses para o crime. O mais provável, segundo investigadores e autoridades que acompanham o assunto, é que o crime tenha sido cometido por milicianos.
No Rio, os milicianos, grupos paramilitares, são conhecidos por controlar, ilegalmente e de forma armada, territórios mais pobres do estado. O então secretário estadual de Segurança Pública, general Richard Nunes, chegou a dizer que a milícia matou Marielle por causa de terras.

O crime

Está na memória o que ocorreu no Rio de Janeiro, às 21h, do dia 14 de março de 2018, quando a vereadora desce as escadas do número 122 da Rua dos Inválidos, na Lapa, onde funciona a organização não governamental Casa das Pretas. Momentos antes, a parlamentar havia sido aplaudida por ativistas dos direitos das mulheres negras, durante uma mesa-redonda.
Em um discurso que destacou a importância de se combater a violência, em especial contra as mulheres negras, sua última fala ressaltava a liberdade, em uma citação da ativista dos direitos civis americana Audre Lorde. “Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela forem diferentes das minhas”, disse Marielle Franco ao final do evento.
Ao entrar no carro, um Chevrolet Agile branco, a vereadora não percebeu a movimentação daqueles que acabariam com a sua vida dali a instantes. O veículo deixa a Rua dos Inválidos e segue em direção à casa da vereadora, na Tijuca, na zona norte.
Em um cruzamento das ruas Joaquim Palhares, Estácio de Sá e João Paulo I, pouco mais de um quilômetro distante de sua casa, um carro emparelhou com seu Chevrolet Agile e vários tiros foram disparados contra o banco de trás, justamente onde se sentava Marielle. Treze atingiram o carro.
Quatro disparos atingiram a cabeça da parlamentar. Apesar dos tiros terem sido disparados contra o vidro traseiro, três deles, por causa da trajetória dos projéteis, chegaram até a frente do carro e perfuraram as costas do motorista Anderson Gomes. Os dois morreram ainda no local.
A única sobrevivente foi uma assessora de Marielle. O carro, ou os carros usados no crime, pois há suspeitas de dois veículos, deixaram o local, sem que os autores do homicídio pudessem ser identificados: as câmeras de trânsito que existem na região estavam desligadas.
Correio Braziliense

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