Morre no Rio a cantora Miúcha aos 81 anos

Artista, que era irmã de Chico Buarque, tratava um câncer e foi internada nesta quinta-feira, quando teve uma parada respiratória

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A cantora Miucha 

Morreu no fim da tarde desta quinta-feira a cantora e compositora Miúcha, aos 81 anos, em decorrência do tratamento de um câncer. Ela foi internada às pressas e teve uma parada respiratória.

Filha do historiador e jornalista Sérgio Buarque de Holanda e da pintora e pianista Maria Amélia Cesário Alvim, Miúcha lançou 14 álbuns ao longo de sua carreira de mais de 40 anos.

Heloísa Maria Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1937, e mudou-se para São Paulo com a família quando tinha 8 anos. Comecçou a cantar ainda criança, vindo a formar um grupo com seus irmãos — Chico, inclusive. Suas primeiras noções de violão foram dadas por um amigo da família, o poeta Vinicius de Moraes. “Depois eu ensinava pro Chico o pouco de violão que tinha aprendido com Vinicius. E Chico logo começou a brincar de fazer música”, contou Miúcha em entrevista ao GLOBO em 2016 .

Nos anos 1960, ela estudou História da Arte em Paris, na École du Louvre. Em Roma, foi apresentada pela cantora chilena Violeta Parra a João Gilberto, com quem viria a casar, tempos depois, em Nova York.

“Não sabia nem falar inglês, mas arrumei um emprego de datilógrafa. Eu era desenhista, tinha feito publicidade. Uma das perguntas que me fizeram na entrevista foi se eu era boa com figures (cálculos, números, em português). Eu disse ‘oh, yes’, pensando que era desenhar figuras (risos)”, revelou Miúcha na entrevista ao GLOBO de 2016 . “Casei com João em 1965. Na época viajávamos muito, nos mudamos muito. Uma vez peguei um ônibus errado, fui parar em New Jersey, gostei e voltei com uma casa alugada.

Miúcha inicou a carreira artística de fato em 1975, cantando no disco “The best of two worlds”, de João Gilberto e Stan Getz. Ainda naquele ano, apresentou-se no Newport Jazz Festival, fez shows com Stan Getz e participou da faixa “Boto”, do LP “Urubu”, de Tom Jobim.

Ela seguiu a parceria com o maestro no LP “Miúcha e Antonio Carlos Jobim” (de 1977), que se destacou pelas faixas “Maninha” (composta especialmente para ela por Chico), “Pela luz dos olhos teus” e “Vai levando”. Ainda em 77, entrou no show “Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha”, que ficou quase um ano em cartaz no Canecão antes de percorrer América do Sul e Europa. O espetáculo foi gravado ao vivo e lançado em disco. No mesmo ano, Miucha participou do musical “Os Saltimbancos”, adaptado para o Brasil por Chico, interpretando a Galinha, com a filha Bebel no coro infantil.

Em 1979, a cantora gravou com Tom o LP “Miúcha & Tom Jobim”, que trouxe as faixas “Triste alegria”, de sua autoria, “Falando de amor” (de Tom) e “Dinheiro em penca”, única parceria de Tom Jobim com o poeta Cacaso. No ano seguinte, ela lançou o disco “Miúcha”, com arranjos de João Donato e com a participações da filha Bebel (cantando na faixa “Joujoux et Balangandans”), e de João Gilberto (violão em “All of me” e “O que é, o que é”).

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Em 1989, a cantora voltou ao disco com “Miucha”, LP no qual contou com a participação do cantor e compositor cubano Pablo Milanés e em que gravou o ainda pouco conhecido compositor Guinga. Seguiram os discos “Rosa amarela” (1999), “Vivendo Vinicius ao vivo” (1999, com Baden Powell, Carlos Lyra e Toquinho), “Miucha.compositorees” (2002), “Outros sonhos” (2007, dedicado a Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes) e “Miúcha ao vivo no Paço Imperial” (2015, com show gravado 15 anos antes).

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