Ciro Gomes diz que será oposição, porém nunca mais faz campanha com o PT

 Foto: Thays Lavor

Ciro Gomes votou em Fortaleza e depois deu entrevista

Thays Lavor
O Globo

Um dia após dizer em vídeo que não tomaria lado no segundo turno das eleições, Ciro Gomes (PDT-CE) rejeitou as críticas sobre sua neutralidade no pleito presidencial. Após votar em Fortaleza, o candidato derrotado no primeiro turno – com a terceira colocação – afirmou que nunca mais pretende fazer campanha com o PT:

– Eu não estou neutro. Desde a primeira hora eu tomei posição. Só não quero fazer campanha com o PT, nunca mais – enfatizou.

NA EUROPA – Ao ser indagado sobre sua decisão de viajar para a Europa durante todo o primeiro turno, Ciro foi direto: “A quem eu estou devendo essa presença?”

Derrotado no primeiro turno, quando ficou em terceiro lugar, ele ter compromisso com a democracia, com as liberdades e contra a intolerância. Mas reforçou que se manterá na oposição, independente do resultado das urnas. Para ele, essa posição de antagonismo extremo trouxe resultados drásticos para o país, dentre elas um colapso de endividamento empresarial, radicalismo intolerante e ‘rasteiro’.

– Se depender de mim, PT nunca mais. Meu caminho é o de fazer oposição, temos que desarmar essa bomba odienta que se instalou no país, essa polarização. Fez com que o Brasil parasse. Enquanto isso, temos milhões de pessoas endividadas e com o nome do SPC – disse o ex-presidenciável, que tinha como principal proposta o alívio das dívidas dos brasileiros.

VISANDO 2022 – Indagado se esse posicionamento seria uma estratégia pensando em uma candidatura à Presidência em 2022, Ciro afirmou que sua posição sempre foi a favor da democracia, e que isso não seria novidade. E completou que ainda precisa descansar antes de pensar numa próxima candidatura. Apesar disso, seus apoiadores já dizem que, a partir de agora, devem começar a conversar com as lideranças de todo o país para que possam conhecer melhor o projeto do pedetista.

Logo depois de ter confirmada a derrota no primeiro turno, Ciro Gomes foi questionado sobre a disputa final entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro (PSL). Na ocasião, ele sinalizou oposição do militar: “Ele não, sem dúvida”. Enquanto ainda concorria, o próprio Ciro chegou a dizer que votaria no ex-prefeito de São Paulo  caso o petista fosse para o segundo turno em vez dele. O pedetista viajou para a Europa e frustrou a intenção do PT de tê-lo ao seu lado na campanha.

HADDAD CRITICA – Mais cedo, Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência, criticou Ciro Gomes e disse que é preciso “olhar para os brasileiros que tiveram postura de honradez”.

— Vamos olhar para os brasileiros que tiveram, num momento dificil da vida nacional, uma postura de honradez defendendo o Brasil e a democracia — afirmou, ao ser perguntado se o apoio de Ciro poderia lhe ajudar a conquistar votos.

A candidatura de Ciro à Presidência sofreu um forte baque quando o PT decidiu retirar a pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco para evitar que o PSB fechasse uma aliança nacional com o PDT. Com a saída dela, o governador Paulo Câmara (PSB), que conseguiu a reeleição, ficou com o caminho aberto. A articulação foi comandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Na noite de sexta-feira, o clima entre os apoiadores de Ciro que o aguardavam no aeroporto era de campanha para uma nova disputa pelo Planalto daqui a quatro anos.

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