Eleição polarizada pode levar Paulo Câmara à vitória no primeiro turno. Por Alex Ribeiro

Alex Ribeiro

Alex RibeiroFoto: Divulgação Facebook

Por Alex Ribeiro, cientista político, jornalista e doutorando em história pela UFBA

O aspecto nacional nas eleições de 2018, no Brasil, prevalece sobre os cenários locais. A reprovação à administração do presidente Michel Temer (MDB), que só é admirado por apenas 4% da população, dever refletir na provável derrota de seus aliados em boa parte do País. Outro fator do pleito deste ano é o crescimento do lulismo. Em Pernambuco, esses dois fatores podem contribuir para uma vitória do governador Paulo Câmara (PSB), e ainda no primeiro turno.

Com a saída da vereadora Marília Arraes (PT) na disputa pelo cargo no Palácio do Governo, a eleição em Pernambuco perdeu sua terceira via e ficou polarizada entre dois candidatos: Paulo Câmara e o senador Armando Monteiro Neto (PTB). A última pesquisa doInstituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), em parceria com a Folha de Pernambuco, coloca o socialista com 35% das intenções de voto contra 25% do petebista. Os outros patinam de 2% até menos de 1% na preferência do eleitorado.

Como a soma de nulos, brancos, não sabem e não responderam chegam a 33% é possível que esses votos sejam distribuídos entre os dois principais candidatos. Como Câmara subiu cinco pontos percentuais em relação à última pesquisa contra apenas um de Armando a tendência é que a maioria dos votos seja direcionada para o socialista. Ele só precisa de um pouco mais de 15% até o dia sete de outubro para vencer o pleito.

Além desta hipótese, a imagem de Paulo Câmara ligada ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) contribui para sua possível vitória. O lulismo se consolidou tanto que antigos aliados do líder-mor petista ainda utilizam de sua imagem. É o caso do próprio Armando que também usa do argumento que estava junto com Lula – pelo menos até a oficialização da candidatura de Fernando Haddad (PT) ocorrida apenas nesta semana.

O mais irônico é que o socialista apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ao contrário do petebista. Pois é, faz parte do jogo eleitoral. Não que isso invalide a narrativa dos petistas sobre “um golpe”. Se foi “golpe” ou não as consequências são outros episódios que não derrubam sua tese. A classe política sempre atua pela sua sobrevivência. Vide as alianças feitas entre Fernando Collor e o PT, até o apoio de Luís Carlos Prestes a Getúlio Vargas.

Por outro lado, a má avaliação de Temer faz com que muitos de seus aliados tentem dissociar de sua imagem. Até o candidato do seu partido à presidência, Henrique Meirelles (PMDB), que deixou recentemente o Ministério da Fazenda, não o menciona durante a campanha – prefere utilizar a figura de Lula, no qual também atuou no mesmo posto na antiga administração petista.

Já em Pernambuco, os candidatos ao Senado Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB), apesar de terem ocupado ministérios no atual governo, ainda tentam se distanciar de Temer. Mas isso não esta parecendo surtir efeito desejado. Tanto é que os dois não seriam eleitos para o cargo majoritário. O primeiro ocupa a terceira posição com 25% enquanto o segundo está na quinta posição com apenas 8%.

Os fatos comprovam que a permanência ou ruptura de governos ocorrem não apenas pela avaliação de administrações regionais. Outras hipóteses devem ser elencadas para compreender uma disputa eleitoral. E o período de tensão nacional remete a qualquer avaliação política local. E Pernambuco, claro, está inserido nesse campo de análise.

Blog da Folha

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