ONU chama a atenção para o crescimento da fome no mundo

Problema da fome no mundo estaria sendo agravado pelas constantes mudanças climáticas em diferentes regiões, aponta relatório

ONU chama a atenção para o crescimento da fome no mundo
Os países não estão progredindo bem no combate à má nutrição (Foto: Petterik Wiggers/FAO/Fida/PMA/Divulgação)

O número de pessoas com fome no mundo cresceu e atingiu 821 milhões de habitantes em 2017, uma estimativa de uma em cada nove pessoas, segundo um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo, chamado de Estado de Segurança Alimentar e Nutrição do Mundo 2018, foi divulgado nesta terça-feira, 11.

Ainda segundo o relatório, os países também não estão progredindo muito no combate à má nutrição, desde a desnutrição infantil, até a obesidade adulta, o que coloca em risco a saúde de milhões de pessoas.

A fome tem aumentado nos últimos três anos, retornando aos níveis de dez anos atrás. Na América do Sul e em algumas regiões da África a situação é ainda pior. Um dos principais fatores que afetam a distribuição de comida pode ser a variação climática, que afeta os padrões de chuvas e as temporadas agrícolas.

“Os sinais alarmantes de aumento da insegurança alimentar e altos níveis de diferentes formas de desnutrição são um aviso claro de que há um trabalho considerável a ser feito para garantir que não ‘deixemos ninguém para trás’ no caminho para alcançar as metas dos ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável] sobre segurança alimentar e melhor nutrição”, destacaram, no relatório, os chefes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

As mudanças climáticas estão prejudicando a produção de grandes culturas, como trigo, arroz e milho em regiões tropicais. A tendência é que, sem nenhuma contramedida, o cenário piore com o aumento das temperaturas. Segundo o estudo, a prevalência de pessoas subnutridas tende a ser maior em países expostos a extremos climáticos.

O prejuízo à produção agrícola dificulta a distribuição dos alimentos devido a diferentes fatores, como o aumento dos preços e depreciação de rendas familiares.

Se observada a desnutrição infantil, foram feitos poucos progressos no combate ao cenário. Quase 151 milhões de crianças com menos de cinco anos se enquadram como desnutridas. Em 2012, esse número era de 165 milhões. Na Ásia, quase uma em cada dez crianças está abaixo do peso. Na América Latina e no Caribe, essa proporção é de uma em cada 100.

A situação das mulheres também preocupa. O relatório mostra que uma em cada três mulheres em idade reprodutiva é afetada pela anemia, o que causa consequências na saúde dos filhos e no desenvolvimento familiar. Na África e na Ásia o problema é quase três vezes maior do que na América do Norte. Isso porque as africanas e asiáticas amamentam mais os seus filhos do que as norte-americanas.

Se por um lado a fome aumenta, a obesidade adulta também não está diminuindo. Um em cada oito adultos no mundo é obeso. Na América do Norte o problema é mais significativo. Apesar de serem um contraponto, a desnutrição e a obesidade coexistem em diferentes países, inclusive no mesmo domicilio.

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