Mãe de Sofia, portadora de uma síndrome rara, a advogada é a primeira mulher a adquirir o acesso legal à planta para uso terapêutico no Brasil.
Quando descobriu que a filha Sofia tinha a Síndrome CDKL5, Margarete Brito, 46, fez o que toda mãe faria: buscou os melhores tratamentos à disposição e, claro, medicou a menina conforme as recomendações médicas. Mas nada funcionou tão bem para o processo terapêutico da menina quanto o óleo extraído da cannabis sativa, uma planta com mais de 100 substâncias químicas que é totalmente descartada como remédio quando é chamada pelo nome popular: maconha. Depois de descobrir o poder da maconha, e é assim que ela chama, no tratamento da filha, Margarete buscou autorização judicial e foi a primeira mãe a conseguir plantar sem correr riscos de ser presa. Hoje, a advogada transformou a maconha em sua luta e tem um só sonho: legalizar a planta no Brasil.
Antes de Sofia chegar, Margarete só sabia do uso recreativo da maconha como cigarro, porque alguns amigos fumavam. A realidade em que estava inserida, então, ajudou a advogada a enxergar a planta como uma solução, nunca como tabu: “Quando eu descobri que maconha poderia ser o remédio, ao contrário de muitas mães, eu achei melhor. Pensei que seria melhor do que dar a ela os outros remédios todos que dava na época”.
Geralmente quem vai preso é o preto, pobre, da favela. Eu sabia que não iria ser presa por isso, mas mesmo assim fazia questão de conseguir criar precedentes.
Hoje com nove anos, Sofia faz o tratamento com remédios tradicionais e com o oléo do canabidiol. Margarete explica que no caso da filha, a maconha auxilia devido ao alto poder terapêutico, age diretamente no cognitivo e ajuda também no controle parcial das convulsões: “É um conjunto terapêutico, e a cannabis faz parte”. Ela rechaça a ideia de que a maconha só pode ser exaltada quando opera um “milagre” na vida de alguma criança.
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