Lula, Dirceu e PT dividiam as propinas do pré-sal, diz ex-diretor da Petrobrás

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Duque afirma que a corrupção era “institucionalizada”

Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso
Estadão

O ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque afirmou ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato em Curitiba, nesta sexta-feira, 3, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e o PT dividiam os dois terços da propina arrecadada com os contratos de plataformas para exploração do petróleo do pré-sal da Sete Brasil. “Ele (Palocci) não concordou (com a divisão de meio a meio da propina) e está determinando a divisão de 1/3 e 2/3. Um terço para a Casa e dois terços para o partido”, teria dito Vaccari a Duque. “Casa” era o nome usado para a propina destinada aos executivos da Petrobrás e da Sete Brasil.

“Esses dois terços para o partido seriam divididos entre Lula, José Dirceu e o partido”, disse o ex-diretor, interrogado em ação penal que apura propinas do estaleiro da Jurong.

PALOCCI À FRENTE – Duque diz ter ouvido de João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT responsável pela arrecadação de propina para o partido na Sete Brasil, que o ex-ministro Antonio Palocci era o responsável pelo acerto e dava as coordenadas.

“Quem está cuidando desse assunto é o doutor Antônio, se referindo a Palocci”, teria dito Vaccari, quando consultado sobre a forma de divisão da propina entre os políticos e os executivos da Petrobrás e da Sete Brasil, no bilionário negócios de plataformas para o pré-sal. A empresa foi criada em 2010 para intermediar os contratos com estaleiros e está em recuperação judicial.

“Lula, quem cuidaria (do dinheiro da propina) seria Palocci. Zé Dirceu receberia através da Engevix, o agente seria o Milton Pascowicht, e o partido seria por conta do Vaccari.”

INSTITUCIONALIZADA – Duque diz que “a propina era institucionalizado”. “Todos os estaleiros pagaram”, afirmou o ex-diretor, multi condenado na Lava Jato, que teve seus acordos de colaboração premiada rejeitados pelo Ministério Público Federal e passou a colaborar diretamente com a Justiça.

Duque confessou a Moro que recebeu cerca de US$ 3,8 milhões de propinas do negócio da Jurong com a Sete Brasil. O dinheiro foi pago em uma conta aberta em Milão, no banco Cramer.

Duque afirmou ter ouvido de Vaccari um pedido de Lula para que ficasse no cargo na Petrobrás até a consolidação do projeto de criação da Sete Brasil. O ex-tesoureiro do PT teria dito a ele, que recebeu “uma incumbência do Lula pedindo que eu ficasse até o término desse processo”. E disse que “esse processo era muito importante não só para o País como para o PT.”

PLATAFORMAS – Os contratos de plataformas feitos a partir de 2011 envolveriam propina de 1% com os estaleiros Jurong, Brasfels, Enseada do Paraguaçu, Ecovix e Atlântico Sul. Ao todo, eram mais de US$ 20 bilhões em contratos.

Segundo Duque, os pagamentos da Jurong e dos estaleiros internacionais foram destinados aos executivos da Petrobrás e da Sete Brasil, chamado por eles de “Casa”.

O valor dos 2/3 para o PT seria bancado pelos estaleiros criados pelas empreiteiras brasileiras, como o da Odebrecht, OAS e UTC, detalhou. Foi ele que teria pago a parte destinada a Lula. Duque explicou que a parte destinada a Dirceu teria saído do estaleiro da Engevix e a do PT do estaleiro da Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.

JULGAMENTOS – Dois processos de propinas de estaleiros nos negócios da Petrobrás via Sete Brasil já foram julgados. Um deles das propinas do Estaleiro Enseada Paraguaçu, da Odebrecht, OAS e UTC.

Na mega delação da empreiteira, três delatores também afirmaram que Palocci foi quem cobrou 1% de propina pelos contratos das sondas de perfuração marítima. Seriam seis unidades feitas pelas associadas.

Rogério Araújo, que era o contato da empresa no negócio, disse ter ouvido de um ex-executivo da estatal que o “Sapo Barbudo”, que seria uma referência ao ex-presidente Lula, teria dado instruções sobre o acerto ao PT.

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