RECIFE: Livraria Cultura do Paço Alfândega fecha suas portas

A Livraria Cultura do Paço Alfândega, no Bairro do Recife, não vai funcionar mais. Inaugurada em 2004, ela encerrou suas atividades nesta sexta (6).

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No dia da eliminação do Brasil na Copa do Mundo, outra notícia triste ecoou pelo Bairro do Recife – onde uma multidão acompanhou e lamentou a derrota da seleção canarinho – e depois se espalhou por toda a cidade. Sem qualquer aviso prévio, consumidores de literatura e música e o mercado editorial pernambucano foram surpreendidos com o fechamento da Livraria Cultura do Paço Alfândega.
A loja funcionou por 14 anos como referência na venda não só de livros, mas também de jornais, revistas, CDs, LPs, DVDs, blu-rays, brinquedos e material de papelaria.  A assessoria da Cultura confirmou o fechamento, não especificou motivos e acrescentou que a outra loja de sua rede no estado, situada no RioMar, no bairro do Pina, “continuará funcionando normalmente”. O Paço Alfândega informou que não se pronunciaria sobre o encerramento das atividades da livraria.
Ontem à tarde, o site da Cultura já não relacionava mais a loja do Paço dentre a sua rede, que agora é formada por 17 unidades, distribuídas em São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto (SP), Salvador, Fortaleza e o Recife.
A loja do Paço Alfândega foi inaugurada em 2004, época em que os mercados de livros e discos ainda não sentiam, com tanta força, o impacto da ascensão das mídias digitais. Nos últimos anos, foi visível a redução do estoque, sobretudo de CDs, sobretudo após a eliminação de uma seção exclusiva para jazz e música erudita que funcionava no primeiro andar.
Em 2012, a unidade do Paço Alfândega acrescentou aos seus atrativos a loja Geek.Etc.Br, que vendia artigos relacionados, sobretudo, ao universo dos quadrinhos, dos videogames e de filmes e séries cult. Essa loja chegou a funcionar em um espaço separado, no prédio principal do shopping, mas foi incorporada ao restante da livraria posteriormente. A livraria não forneceu um número atualizado de funcionários, mas a loja chegou a gerar aproximadamente 100 empregos, segundo a uma ex-colaboradora que preferiu não se identificar.
“O clima na loja era muito legal. As pessoas colaboravam com os outros em vez de concorrerem, porque se um fosse bem nas vendas, todos recebiam por aquilo. Como era a única livraria do Recife Antigo, muitas pessoas que trabalhavam da região a frequentavam diariamente. Os funcionários da livraria conheciam todos pelos nomes”, relembra.
“Os vendedores liam muito. Podiam pegar os livros da loja emprestados por 15 dias ou usar parte do salário para comprar os produtos com descontos de 30 a 60%. Por isso, sempre tinham indicações adequadas ao perfil do cliente, e o número de consumidores só crescia nos primeiros anos. A loja era frequentada por pessoas que gostavam mesmo de livros. Muitos artistas, escritores, intelectuais. Tinha gente que precisava ser ‘expulsa’ de lá quando a loja ia fechar”, brincou uma ex-funcionária que preferiu não se identificar.

“A livraria participou diretamente e indiretamente da formação de muita gente. Tinha uma galera que entrava lá quando tinha entrado no mestrado ou ia fazer doutorado para ter desconto nos livros. Para muita gente, também foi o primeiro emprego”, acrescentou a ex-funcionária, que se disse emocionada com a notícia do fechamento.

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