O jogo da sobrevivência entre PT e PSB

Deputada Teresa Leitão (PT)

Deputada Teresa Leitão (PT)Foto: Mandy Oliver/Folha de Pernambuco
Por Daniel Leite -Folhape

O adiamento da reunião do PT-PE, que iria colocar em votação a tese de candidatura própria neste domingo (10), mexeu com os ânimos dentro do partido. Antes da decisão, que saiu na noite desta terça (05), petistas favoráveis à candidatura de Marília Arraes para governadora acreditavam que o jogo havia virado, em razão dos bons índices conquistados por ela na pesquisa interna, encomendada pela direção nacional. Mas, surpreendidos com a remarcação do encontro para os dias 26 e 27 de  julho, terão que lidar com a ansiedade e traçar novas estratégias para impedir o embarque da legenda na Frente Popular.

A leitura que se faz internamente é que a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, não abrirá mão de ter o apoio do PSB à candidatura de Lula, para colocar o PT na chapa do governador Paulo Câmara. Isso teria sido tratado no encontro entre os dois, nesta terça (05). Mas, entre socialistas, existem resistências à candidatura presidencial petista, pois se Lula sair do páreo, outro postulante não conseguiria ter o mesmo desempenho, colocando em risco os palanques estaduais. Por isso, a convergência em torno do ex-presidente é vital. É uma questão de sobrevivência, para evitar uma debandada.

Assim, para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), defensora de Marília, o adiamento da reunião do PT “provocou indignação da militância, que estava pronta para votar em Marília” no evento de domingo. No entanto, na sua visão, o adiamento não é suficiente para esmorecer o grupo. Para ela, o PSB precisará estar com Lula, se quiser reciprocidade.

“A posição não foi só voltada para Pernambuco. Todos os encontros estaduais foram adiados. Isso desmonta a tese que o PSB vinha trabalhando, através do vice-presidente (Paulo Câmara), junto com os membros do PT que querem a aliança, que é a tese de fatiar o apoio a Lula. Não é Lula que precisa do apoio. São eles que precisam do apoio de Lula. Então iam apoiar Lula, Alkmin, Marina, Bolsonaro, de acordo com a regionalidade. Isso ao PT não interessa. Sobretudo porque o que estava na mesa era estados onde Lula está forte”, disse Teresa, em entrevista ao programa Folha Política desta quarta (06).

Segundo ela, a ala do PT que quer a aliança com o PSB sempre afirmou que os interesses nacionais do partido estão em primeiro lugar. Por isso, precisam ajustar os ponteiros para, de fato, colocarem a candidatura de Lula como condicionante. “Agora tem um roteiro que precisa ser seguido. Esse tempo, que é longo e teremos que conviver com ele, vai ser usado pelos apoiadores de Marília para fazer o que precisa ser feito, como botar na rua a discussão sobre programa de governo, fazer reunião com prefeitos, vereadores, com pré-candidatos. Tudo isso está sendo feito na perspectiva de pré-candidatura, mas agora precisa ser feito na perspectiva partidária”, colocou.

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