Mentira e poder. Por Patrícia Raposo

A relação entre mentira e poder ao longo da história

Patrícia Raposo

Patrícia RaposoFoto: André Nery/Folha de Pernambuco
Por Patrícia Raposo

apóstolo Pedro mentiu quando negou Jesus. Essa mentirarepercute há mais de dois mil anos e é sempre lembrada nesta época de Páscoa. Mas Pedro se arrependeu, tornando-se posteriormente o primeiro papa da Igreja Católica. Se os mentirosos que conhecemos deixassem um legado como o de Pedro, mesmo considerando os erros da Igreja, a história seria outra. O que dizer de mentiras como as propagadas pelo nazismo?

Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda da Alemanha nazista, dizia que “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade“. O próprio Hitler chegou a declarar que “As massas acreditam muito mais facilmente numa grande mentira do que numa pequena”. E com isso fizeram um grande estrago na humanidade.

Talvez tenham ido buscar inspiração no célebre pensador italiano Nicolau Maquiavel (1469 – 1527), autor do clássico “O Príncipe”. Foi com esta obra que ele demonstrou o quanto a mentira é útil na conquista do poder. E na sua manutenção. Posso apontar outro mentiroso que ganhou reputação mundial e entrou para a história americana: o ex-presidente Richard Nixon. Ele mentiu sobre sua participação na invasão do comitê democrata no complexo de Watergate em 1974. E teve que renunciar para não ser afastado do poder. Nixon só confessou em 1977. Esse caso nos faz lembrar de vários políticos brasileiros…

Neste 1º de abril, dia mundial da mentira, deveríamos refletir sobre como ela nos envolve. Com a proximidade das eleições, a reflexão se faz ainda mais necessária. Estejamos prontos para mentiras de todos os tipos, desde a valorização pessoal do candidato, passando pelas promessas impossíveis, à desqualificação do oponente, com toda sorte de fake news. A mentira como arma política é antiga, como demonstrei acima. No entanto, o povo ainda não aprendeu a identificá-la. Diante da sua profusão em tempos de redes sociais (que tem sido o melhor canal para difundi-la), surgiu uma modalidade de jornalismo muito importante e que tem se expandido entre profissionais nos principais meios de comunicação: o fact-cheking.

O fact-cheking tem por objetivo qualificar o debate público através da checagem da veracidade do discurso. Ele tem transformado parte dos profissionais da imprensa em caçadores de boatos. É possível identificar, por meio da análise de dados, índices, documentos, pesquisas e todo tipo de registros a veracidade da informação que um governante, um político, um empresário ou mesmo um movimento social dá sobre determinado assunto, assegurando, inclusive, se a informação que circula nas redes sociais é verdadeira.

É um serviço muito importante para a democracia, porque traz luz aos fatos. Já existem agências e sites especializados em verificar a veracidade da informação e é importante que as pessoas tomem conhecimento disto e possam, elas próprias, usar os mecanismos para checar uma informação antes de compartilha-la. O fact-cheking é uma evolução no desempenho da profissão, um modus operandi que vai evitar que jornalistas se enganem. Porque a imprensa também erra, mas tem feito grande esforço para acertar.

fonte:folhape

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