A nova etapa da guerra

Carlos Brickmann

Depois da prisão de Palocci, o grande articulador da aliança entre o PT e parte do grande empresariado, alguns dias de folga: não pode haver prisões, exceto em flagrante, até dois dias depois das eleições. Mas este colunista, mesmo não sendo nenhum Alexandre de Moraes, pode garantir que, passado o prazo de calma imposto pela lei eleitoral, a Lava Jato volta às atividades externas. Até lá, dedica-se às atividades internas – como a leitura e análise do rico material apreendido na Odebrecht. É muita coisa.

Por exemplo, foi determinado o bloqueio de R$ 10 milhões na conta de Guido Mantega, mas só foram encontrados R$ 4 mil. Ou os R$ 10 milhões nunca existiram – e a fonte da informação passa a ser suspeita – ou existiam e foram distribuídos. No caso, para quem?

Um detalhe: ainda não houve a delação premiada de Marcelo Odebrecht e de alguns de seus executivos. Por enquanto, o que se analisa é o material apreendido – que entre outras coisas indica a transferência de R$ 128 milhões da Odebrecht para Palocci. A apreensão de papéis de Palocci e Mantega pode trazer novos subsídios à investigação, talvez com novas ordens de prisão. Outro detalhe: o pedido de prisão de Palocci não partiu dos procuradores, mas da Polícia Federal – que não se limita portanto, a cumprir ordens, mas age ativamente na investigação. Se alguém quiser controlar a Lava Jato, terá de convencer o juiz, os procuradores e a Federal.

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