Poetisa Ana Farrah Baunilha
Ninguém ousará dizer o contrário
Ana Farrah Baunilha
preciso chorar os homens relapsos
que passaram pela minha vida e levaram com eles
uma parte importante de mim
um pedaço da minha orelha, uma cartilagem
um ventrículo do coração, litros de sangue vertidos
preciso chorar os homens que visitaram meu ventre,
que saíram porta afora no primeiro grito
preciso chorar o filho que não vingou.
preciso tanto chorar o pai (que não ficou)
o desgraçado que me comeu e não pagou
depois a fuga do primeiro marido
o encarceramento do segundo
e a viuvez
pelo assassinato do terceiro
por todos eles, uma vida chorando
preciso chorar por aquele que está por vir
e que ainda nem conheço
mas sei que irei mastigá-lo junto com a minha dor
[rezarei por ele enquanto choro]