Novo depoimento de Lobista poderá levar FILHO DE LULA direto pra cadeia, “Pagamentos foram absurdos”

Na frente da Policia Federal, Luís Cláudio da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o lobista Mauro Marcondes Machado não esclareceram detalhes de contratos milionários sob investigação da Operação Zelotes, o que poderá dar chances a uma prisão mediante novas revelações.

A informação foi revelada neste sábado (14) em reportagem da revista “Época”, que trouxe trechos dos esclarecimentos prestados pelos dois à PF. Segundo a publicação, Marcondes Machado reconheceu que as cifras pagas ao filho do ex-presidente eram “absurdas”.

As empresas de marketing esportivo de Luís Cláudio, a LFT e a Touchdown, são alvos da operação porque a LFT recebeu R$ 2,5 milhões da empresa do lobista, investigado sob suspeita de compra de medidas provisórias em benefício do setor automotivo durante o governo Lula.

O depoimento do filho do ex-presidente ocorreu no dia 4 de novembro. De acordo com a “Época”, Luís Cláudio só teve dois clientes até hoje: o Corinthians e a consultoria de Marcondes, a Marcondes & Mautoni.

A revista aponta que Luís Cláudio fechou contrato de R$ 300 mil por ano com o time paulista, que previa a criação de campanhas de marketing para desenvolver o esporte amador e atividades lúdicas para crianças.

A LFT, que não tem nenhum funcionário, diz “Época”, recebeu entre 2014 e 2015, R$ 2,5 milhões do escritório de consultoria Marcondes & Mautoni, que é especialista em representar montadoras de carro.

Luís Cláudio prestaria à consultoria de Marcondes consultoria técnica e assessoramento empresarial de marketing esportivo. Segundo a reportagem, ele tem dificuldades para explicar os serviços e suas qualificações para prestá-los.

O filho do ex-presidente contou aos investigadores que executou pessoalmente o projeto do escritório, afirmou que é formado em educação física, mas reconheceu que nunca tinha prestado esse tipo de serviço que foi contratado pelo lobista.

Mesmo sem experiência, ele levou um R$ 1 milhão pelo contrato. Ao todo, “Época” sustenta que foram fechados seis serviços entre junho e julho do ano passado, mas Luís Cláudio não teria executados todos. Os contratos envolveriam trabalhos relativos à Copa do Mundo, violência nos estádios e até um genérico “elaboração de análise de marketing esportivo como fator de motivação e integração nas empresas com exposição de casos e oportunidades”.

Questionado sobre como se chegou ao valor da consultoria, Luís Cláudio teria afirmado que “não se recorda, neste momento, o valor desse projeto” e que o acerto levou em consideração as horas trabalhadas –que ele não soube precisar quantas foram nem seu valor individual. O filho do ex-presidente também não soube informar o custo do projeto e a margem de lucro.

ABSURDO

Luís Cláudio foi perguntado qual o motivo de a LFT ter sido escolhida pelo lobista. “Que Mauro Marcondes nunca explicou ao declarante por que optou por contratá-lo; que não sabe dizer se o Mauro Marcondes realizou alguma pesquisa de mercado antes de contratar o declarante”, diz o depoimento.

A mesma questão foi apresentada a Marcondes Machado, que optou por ficar em silêncio.

De acordo com Marcondes, “a contratação da LFT Marketing Esportivo refere-se à realização de estudo para um projeto de implantação de um centro de exposição numa cidade do interior de São Paulo”.

A reportagem diz ainda que Marcondes, contudo, recusou-se a dar detalhes sobre o tal centro de convenções. “Época” diz que o consultor sempre preferiu o silêncio quando a PF o questionava sobre os serviços contratados com Luís Cláudio, mas admite que o valor da contração era alto.

O lobista disse que fez uma “pesquisa superficial” de mercado para a contratação, que foi realizada por um estagiário de sua empresa. “Ele constatou que eram absurdos” [os valores pagos a Luís Cláudio], diz o depoimento.

Aos investigadores, diz a revista, Marcondes Machado negou que tenha tratado com o ex-ministro Gilberto Carvalho “da edição de medidas provisórias para a prorrogação de benefícios fiscais”. Ele admitiu que esteve diversas vezes no Planalto no governo Lula, porque ocupava a vice-presidência da Anfavea, associação das montadoras, e diz que teve encontros com Carvalho para entregar estudos de interesse das montadoras. Carvalho também é alvo da Operação Zelotes.

O Ministério da Justiça informou neste sábado que determinou à Polícia Federal a apuração sobre o vazamento do depoimento do filho de Lula e que sejam tomadas as medidas cabíveis. A investigação atende a pedido feito por Luís Cláudio.

OUTRO LADO

Em nota divulgada neste sábado, o advogado de Luís Cláudio, Cristiano Zanin Martins afirmou que reportagem da revista distorce os esclarecimentos prestados por ele e manipula dados. Segundo a defesa, “não é verdade que Luís Cláudio tenha afirmado que nunca havia feito um projeto parecido ao que entregou ao escritório. “A afirmação que consta no depoimento vazado à revista é que o trabalho entregue ao contratante foi original, pois não havia sido feito anteriormente para outro cliente, considerando que o objeto do estudo se dá em situação nova para o próprio país, caso da preparação do Brasil para os megaeventos, como a Olimpíada de 2016, onde conta a experiência dos demais países na execução desse tipo de evento”.

Os advogados apontam ainda que o filho de Lula esclareceu, em seu depoimento, todos os serviços prestados à Marcondes & Mautoni e, no dia seguinte, entregou à Polícia Federal todos os contratos firmados com tal empresa e, ainda, todos os materiais relativos aos trabalhos realizados.

“Época manipula as informações contidas no depoimento sobre a qualificação profissional de Luís Cláudio. Confere destaque ao fato de ele não ter feito um curso de pós-graduação na área de marketing esportivo, como se tal fato fosse fundamental para a realização de um trabalho na área. Em momento algum, a revista esclarece a trajetória profissional de nosso cliente que o capacita, inequivocamente, para a realização dos trabalhos contratados.”

Os advogados dizem ainda que “não tratar do detalhamento e especificação do “lucro líquido” não parece ser questão central à comprovação da veracidade das informações prestadas no depoimento. Assim como o detalhamento das horas trabalhadas e da data do contrato. Os relatórios produzidos atestam a entrega do trabalho previsto em contrato e a aferição exata de todas essas particularidades está no plano da contabilidade da empresa, disponível aos órgãos competentes, e não no plano da expertise profissional do depoente.”

De acordo com a defesa, Luís Cláudio já prestou todos os esclarecimentos e afastou qualquer ligação com os possíveis ilícitos investigados.

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