Coração valente guenta o rojão?

 

  José Adalberto Ribeiro

RIBEIROLÂNDIA – Meus senhores e minhas senhoras, caldeirões e caçarolas!  Olha só quem aflorou no recinto! O cientista político The Gaulle! Veio sentar praça na Ribeirolândia, de mala e cuia, para tirar uma onda nos agitos dos dias 13 e 15 deste mês. Alguma coisa acontece nas tripas do Brasil, aliás, alguma coisa acontece no coração do Brasil, disse o mestre com sua proverbial sabedoria. What is this? Explicou que a novidade são os protestos a favor.

The Gaulle é do tempo em que só havia protestos contra. O bicho agora tá ligado no panelaço. Está armado com uma panela de pressão rochedo, última geração, para participar dos agitos. The Gaulle ficou de olho no arsenal subversivo de minha choupana, as  panelas. Os defensores do protesto a favor estão dizendo que panela hoje é um símbolo das elites, um artefato subversivo e reacionário. cuscuzeiras,  frigideiras, caldeirões e caçarolas. Por isso que havia um refrão antigamente: Meus senhores e minhas senhoras, caldeirões e caçarolas …” Eram prenúncios de subversão.

Buzinas hoje também são artefatos subversivos. Um buzinaço e um panelaço são capazes de desestabilizar governos, conforme a intensidade, segundo a nova tese científica de The Gaulle.

O grande mestre ficou meio baratinado ao ler nas folhas que no Brasil atualmente existe um outro exército, chamado de “exército de Stedile”. Não sabia que esse sujeito era um comandante militar. Foi informado, sim, que os soldados do tal “exército” destruíram viveiros de pesquisas científicas em botânica. Os vândalos foram presos? Saíram glorificados pelo gesto heroico de exterminar eucaliptos em floração com golpes de foice e estrovengas.

Depredações e invasões fazem parte da carreira artística de Stedile no MST. O eucalipto transgênico é acusado pelos sábios do MST de ser uma planta malvada que bebe muita água do solo e cujo pólen desagrada ao paladar das abelhinhas. Os cientistas da Embrapa não consultaram as abelhinhas sobre seus paladares transgênicos. Prevalece, então, a opinião dos cientistas ideológicos do MST.

Em sendo o Brasil um País muito sério, The Gaulle disse não acreditar nas minhas palavras. Ai eu fiquei irado e disse pra ele: Tu sôis um inocente. Pois saiba que se alguém tiver a ousadia de mexer num fio de barba do “comandante” Stedile será chamado de golpista e reacionário de direita. O “exército vermelho” seria então uma espécie de “estado islâmico”, que destrói monumentos históricos no Oriente.

Perguntei a The Gaulle se seria o caso de dialogar com o “exército vermelho”. Dialogar, nada. Ele disse que por conta desses e outros atos de vandalismo e destruição do patrimônio público, Stedile e seus cupinchas deveriam ser enjaulados e processados. E mais, se a plantação de eucaliptos fosse dele daria uma camada de pau nos vândalos e arruaceiros.

A bordo de suas panelas e caçarolas, dias 13 e 15 The Gaulle vai dar um rolé nas quebradas dos protestos a favor e dos protestos do contra. As folhas anunciaram que Stedile irá participar do agito no dia 13 em defesa da democracia e da Petrobras. Qual o diálogo entre as panelas de The Gaulle e as estrovengas do MST? Zero diálogo.

Zê Gaulle lembrou as sístoles e diástoles de que falava o general Golbery nos tempos da abertura política, as contrações e descontrações da democracia. Lembrou também a lei da fadiga dos materiais. A esquerda radical, cansada de guerra, enferrujou na Venezuela e Argentina. A ditadura de Cuba naufragou no delírio comunista.

Coração valente guenta o rojão? Com dois meses de Governo a Imperatriz Dilma nº 2 sofre com um panelaço e um buzinaço. É a dança da solidão.

* Jornalista

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