O espírito das grandes festas

Carlos Brickmann

 Há quem não goste de Dilma. Mas ninguém pode negar a ela a bondade com que tratou companheiros cheios de problemas, acolhendo-os em seu Ministério.

Os derrotados, por exemplo. Sem mandato, teriam de viver sem carro oficial, sem assessores, sem verbas de representação, tendo até (horror dos horrores!) de atender o próprio telefone! Dilma lhes deu o que lhes faltava: cinco derrotados – Hélder Barbalho, Eduardo Braga, Gilberto Kassab, Eliseu Padilha e Armando Monteiro Neto – viraram ministros e passam o Ano Novo muito mais felizes.

A solidariedade de Dilma se estendeu a aliados que tiveram momentos difíceis, ficaram estigmatizados e agora são ministros. George Hilton foi apanhado no Aeroporto de Belo Horizonte com 600 mil reais em dinheiro e cheques. Disse que eram doações de fiéis da Igreja Universal. Foi até expulso do PFL. E virou ministro, agora. O governador Cid Gomes foi flagrado quando fretou um jatinho com dinheiro público para levar a família a passear na Europa. Levou até a sogra.

E Aldo Rebelo? Se foi afastado do Ministério dos Esportes bem na hora em que os Jogos Olímpicos do Rio entram na fase decisiva, é porque o serviço não estava lá essas coisas. Mas não ficou jogado ao sol e ao sereno, como se fosse uma pessoa comum: virou ministro da Ciência e Tecnologia. Justo ele, que apresentou projeto de lei proibindo qualquer governo de adotar inovações tecnológicas poupadoras de mão de obra – xerox, por exemplo, ou computadores.

Pode ser o homem errado no lugar errado. Mas Dilma não é boazinha?

Quem sabe, sabe

Dilma, entretanto, não foi só bondade na montagem de seu Ministério. Privilegiou a experiência, também. Hélder Barbalho é filho de político famosíssimo, Jáder Barbalho. Um dos fatos mais conhecidos sobre Barbalho é o financiamento de quase R$ 10 milhões do Governo, via Sudam, para uma criação de rãs que não existia. Rã é excelente isca, como se sabe.

E Helder será ministro da Pesca.

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