Por  ROBERTA ARAUJO

Nesse ano eleitoral vale refletir o quanto é preciso romper com a limitada perspectiva que nos diz que a democracia se limita a liberdade de voto e de expressão. Democracia real é aquela em que o povo é prioritário e não os governos ou mercados. Uma democracia real edifica uma sociedade inclusiva, justa, solidária. Inclusiva, capaz de absorver as diferenças e respeitar as minorias. Justa pelo incansável combate as relações capitalistas selvagens, repressivas e desumanizadoras. Solidária com as massas de pessoas precárias e ameaçadas por esse agressivo sistema global que luta sem descanso pela continuidade da dominação política e da proteção do seu vasto império econômico e estratificante, que alcança níveis sem precedentes de exclusão social. Nenhuma sociedade será livre, justa e solidária enquanto conservar uma realidade estrutural cancerígena como a nossa. E nenhum de nós jamais será verdadeiramente livre enquanto formos tratados como mercadorias e votos nas mãos de uma oligarquia politica intocável que manipulam todos os instrumentos do Estado para manter seus privilégios e enriquecimento excessivo e ilícito. Essa “democracia” que não democratiza oportunidades, que não concretiza igualdades, que não democratiza a educação, não partilha a terra, que não divide o pão. Que proclama uma sociedade fraterna sem entender que fraternidade e amor tem uma conta diferente desse sistema, pois só cresce na medida em que se partilha. Que nestas eleições o sonho e a utopia aliem-se ao profetismo e faça do povo brasileiro uma força libertadora das amarras desse sistema que não funciona senão para os que dele se alimentam.