CRÔNICA DA SAUDADE

Um ano de saudade
                Por Magno Martins

O dia raiou hoje com muito sol, um sol ardente. Seria um dia lindo não fosse hoje o primeiro aniversário da morte da minha mãe. Quanta saudade! Por que Deus permite que as mães vão-se embora?

Esta pergunta foi feita um dia num poema por Carlos Drummond, para em seguida justificar: “Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba”.

Mãe é veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Se você ainda tem o privilégio de ter a sua, levante as mãos ao céu e dê graças ao Senhor.

Disse um poeta que não lembro o nome: “Fosse eu rei do mundo, baixava uma lei: mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, embora velho, será pequenino feito grão de milho”.

Minha mãe Dó, como tratávamos – eu e mais oito irmãos (que prole fantástica) – tinha uma alegria esfuziante, personalidade dura, temperamento às vezes explosivo, herdado do meu avô Severo Martins. Era carinhosa, doce como mel. Dedicou toda sua vida aos filhos, amando-os em todos os momentos.

Seu colo apaziguava na hora da dor. Era muito bom acordar ao seu lado. A sua coragem, o seu bom-humor, me ajudavam a enfrentar os desafios da vida. Sua compreensão e carinho me faziam sentir muito amado.

O seu sorriso me enchia de alegria. A sua fé me dava à certeza de que dias melhores viriam. E seus sábios conselhos iluminavam o meu caminho. O seu amor foi o maior tesouro que tinha, a revigorar minhas forças a cada novo dia.

Ela tinha o dom de renovar minhas esperanças perdidas. Com ela aprendi que a vida é maravilhosa, aprendi a enxergar que até nas pequenas coisas da natureza encontrava a grandeza da criação de Deus.

Com ela aprendi também que amar é lindo, que o amor é o mais belo e raro sentimento que existe, uma dádiva que o ser humano possui, de conseguir amar e ser amado. Ela me ensinou a respeitar, a dar valor à vida, aos amigos, aos familiares.

E o mais importante de tudo: ensinou-me o amor. O amor mais singular que existe no mundo, o amor acolhedor, o amor que ensina, que provoca risos, lágrimas, que faz com que eu me sinta especial, protegido.

Nos teus braços e no aconchego do teu colo eu sentia o verdadeiro amor, aquele que não existe em lugar algum da terra. O amor brotava em tuas palavras doces, em seus conselhos, em suas broncas. Sim, ela era muito durona!

Amei minha mãe todos os dias da minha vida como a pérola mais preciosa do mundo. Como ela faz falta! Mãe forte e valente, que não temia nada que viesse pela frente, corajosa, atenciosa e amorosa.

A luz da minha vida está bem acesa lá no Céu!

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