Partido testa força de Lula como candidato e cabo eleitoral

 

 

Sondagens checam o poder de transferência de votos do ex-presidente; há casos em que ele é citado como candidato em 2014

A cúpula do PT encomendou um lote de pesquisas nas quais testa o potencial de transferência de votos do ex-presidente Lula nos palanques em favor de candidatos petistas e também de partidos aliados aos governos estaduais. A estratégia consiste em pôr Lula para atuar como “facilitador” dos acordos onde o PT tiver de abrir mão da candidatura própria para outras legendas, como o PMDB e o PTB, em nome da reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Candidatos do PT aos governos também chegaram a fazer, por conta própria, simulações em que Lula aparece como presidenciável em 2014, embora Dilma esteja em campanha. O fato provocou mal-estar no Planalto. Em Minas, diz o presidente do PT, Reginaldo Lopes, levantamento feito em setembro aponta Lula com 55% e Dilma com 39%.

 

“O que nós perguntamos foi em que medida o apoio do Lula leva o eleitor a votar em determinado candidato ao governo. Não pesquisamos Lula como candidato à Presidência porque nossa candidata é Dilma, mas é claro que nos levantamentos espontâneos o nome dele aparece”, disse o presidente do PT, deputado Rui Falcão. “Não tenho controle sobre consultas de candidatos, que desconheço.”

 

Nesse lote, o PT fez pesquisas em Pernambuco – Estado governado por Eduardo Campos (PSB), provável rival de Dilma em 2014 –, no Ceará, Paraná, Minas, Goiás e Santa Catarina, em momentos diferentes, com o Vox Populi e outros institutos. As mais recentes ocorreram após a entrada da ex-ministra Marina Silva no PSB de Campos, anunciada no último dia 5.

 

Em Pernambuco, por exemplo, a ideia era saber se a presença mais constante de Lula na região ajudaria o lançamento de chapa própria do PT contra o candidato a ser apresentado por Campos ou se o arranjo mais conveniente seria o aval ao senador Armando Monteiro (PTB). Mesmo a contragosto dos militantes, o PT vai apoiar Monteiro.

 

No Ceará, Lula aparece muito à frente de Dilma como cabo eleitoral: ele com 81% e ela, com 64%. Os levantamentos avaliaram o desempenho do governo federal e de seus programas nos Estados, a popularidade de Dilma e de Lula, além de traçarem um panorama das principais disputas regionais.

 

A tendência é que o PT desista de chapa própria no Ceará e apoie o candidato do governador Cid Gomes, que rompeu com Campos e se filiou ao PROS. A dobradinha com Cid deverá ser fechada mesmo se o PMDB insistir em lançar o senador Eunício Oliveira ao governo.

 

“Precisamos ter uma conversa de gente grande com o PMDB, que não pode agir com o PT sob ameaça de faca no peito, na base do ‘faça isso, caso contrário não dou aquilo’”, resumiu o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). “É preciso ver que temos uma situação muito peculiar no Nordeste, que é a de um candidato a presidente (Campos) sem palanque forte lá. Lula será o nosso diferencial.” Na prática, porém, a preocupação do Planalto e do PT é com o impacto da aliança entre Campos e Marina.

 

Tudo será feito para Dilma vencer a eleição no primeiro turno porque uma eventual disputa com o governador de Pernambuco é considerada de alto risco. Embora pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira indique que a presidente venceria, hoje, no primeiro turno, a ordem é não calçar salto alto.

 

Para João Francisco Meira, diretor do Vox Populi, é muito cedo para fazer previsões. “O aval é bom no período de construção da imagem do candidato, mas não é tudo. Essa observação serve tanto para Lula como para Marina. Há muitos outros elementos importantes numa disputa, como o comportamento do candidato, o escrutínio da mídia, as alianças, o tempo de TV e contra quem ele vai concorrer.”

 

‘Eu fiz’. Mesmo assim, o senador Delcídio Amaral (MS), candidato do PT ao governo de Mato Grosso do Sul, admite que sempre pede para incluir Lula como possível presidenciável e “fiador” de sua campanha nas pesquisas que encomenda. “Isso é muito natural. Além do nome de Lula aparecer nas pesquisas espontâneas, todos nós fazemos esse tipo de cruzamento nas sondagens estimuladas para testar o nível de influência dele e da Dilma nos votos.”
O Estado de S. Paulo

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