Esposas de Haddad e Moraes estão na lista de caronas da FAB

Aeronáutica divulgou relação de pessoas que pegam carona em seus jatos oficiais

Alexandre de Moraes Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

A Força Aérea Brasileira (FAB) voltou a divulgar a lista de passageiros dos voos em suas aeronaves oficiais. Na primeira semana, o nome de Ana Estela Haddad, esposa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi incluído na lista de passageiros do voo de retorno de São Paulo para Brasília, no dia 4 de maio, em um sábado à noite.

Ana Estela já havia sido registrada como carona em dois voos da FAB solicitados por Haddad em janeiro. Em 15 de janeiro, domingo, Haddad compartilhou um voo de São Paulo para Brasília com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, utilizando um jato da FAB. Durante o voo, Ana Estela estava a bordo na condição de carona. Ela desempenha o cargo de secretária de Informação e Saúde Digital no Ministério da Saúde. Em 19 de janeiro, uma quinta-feira, Haddad compartilhou um voo de Brasília para São Paulo com Simone Tebet. Na lista de passageiros deste voo também constava o nome de Estela Haddad.

Registros da Aeronáutica referentes à viagem de Haddad acompanhado de sua esposa, relata que partiram de Brasília para São Paulo no dia 30 de abril, às 16h, em uma “viagem a serviço”, para cumprir compromissos públicos programados de 30 de abril a 3 de maio. Esses compromissos estavam agendados para o gabinete do Ministério da Fazenda, localizado na Avenida Paulista. Ana Estela pegou carona no voo de retorno, às 22h de sábado.

Várias pessoas pegaram carona em voos de ministros. Em 8 de janeiro, o presidente do STF, Roberto Barroso, compartilhou um voo de Brasília para São Paulo com o ministro Haddad em um jato da FAB. Na aeronave estavam também o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.

1,6 milhão? Por José Horta Manzano

Valendo-se de um método novo, que passa até pela utilização de fotos aéreas do Google, o instituto concluiu que, no espaço em que a multidão se amontoou, não cabem mais de 875 mil pessoas

José Horta Manzano

A Agência Brasil contou, todo o mundo copiou. A manchete é bastante precisa: “Show de Madonna reúne 1,6 milhão de pessoas em Copacabana”. Se tivesse dito “reúne 1,6 milhão”, já estaria de bom tamanho, visto que todos entendem tratar-se de “pessoas”. Mas o manchetista achou que a exatidão vale mais que a imprecisão.

A mídia europeia, que consultei, não deixou a ocasião passar em branco. Repetiram todos a contagem expressiva: 1,6 milhão (de pessoas, naturalmente)! Afinal, estava ali a prova de que um dos shows de maior plateia do mundo tinha ocorrido nas areias de Copacabana.

Passada uma semana, o assunto já amornou embora seus ecos ainda surjam aqui e ali, em bate-papos de boteco. E não é que o Instituto Datafolha publicou neste sábado o resultado de uma pesquisa traiçoeira, que vai decepcionar muita gente.

Valendo-se de um método novo, que passa até pela utilização de fotos aéreas do Google, o instituto concluiu que, no espaço em que a multidão se amontoou, não cabem mais de 875 mil pessoas. Assim mesmo, apertando muito, com 7 pessoas por metro quadrado. 1,6 milhão? Nem por sonho. Pode esquecer.

Não estou sabendo se há alguma rixa pessoal entre os que fizeram esse estudo (875 mil) e os que fizeram a primeira contagem (1,6 milhão). Se não for isso, esse novo estudo deixa no ar um climão do tipo: “Erraram eles ou erramos nós?”.

A contagem “científica” do instituto tinha de ter saído bem mais rapidamente, no dia do show ou no dia seguinte. Hoje, passada uma semana, é tarde demais. A nova contagem não tem serventia.

Não acredito que o levantamento do Datafolha contribua para a serenidade da atmosfera nacional. Na verdade, não serve pra nada, a não ser como jogada de marketing em causa própria: “Vejam como somos fantásticos, nós! Sabemos contar melhor que vosmicês!”.

Num ambiente nacional de polarização sistemática de tudo o que se diz e de tudo o que se faz, melhor teria sido se tivessem calado.

A enchente do 41. Por José Horta Manzano

a enchente do 41
Porto Alegre: enchente de 1941

 Assinalo um relato do qual, pessoalmente, não havia ouvido falar: a enchente que o Rio Grande do Sul sofreu pouco mais de oitenta anos atrás. O jornal O Globo publicou hoje uma carta redigida em 1941 por uma jovem gaúcha. A moça, que tinha vindo passar uns dias com a família em Porto Alegre, dá uma descrição detalhada, em conformidade com seu estatuto de “testemunha ocular da História”.

Faz a relação dos acontecimentos daqueles dias. Menciona os bairros inundados. Reclama que, durante dias, a cidade ficou às escuras, sem trens, sem água, sem leite e sem jornal. Imagine, num tempo em que o jornal era o veículo que trazia todas as notícias – as boas e as más – ficar sem ele. Era como se, hoje, internet apagasse por uma semana.

A carta conta ainda o sufoco de parentes e conhecidos da missivista que, vítimas das enchentes, tornaram-se flagelados, palavra hoje menos usada nesse contexto, substituída por desabrigados. A missiva vem numa escrita de nível equivalente ou até superior ao que hoje conhecemos como português padrão.

As frases tem começo, meio e fim. Os verbos estão bem conjugados. As concordâncias estão todas coerentes. A ortografia, anterior à reforma de 1943, ainda conserva saborosas reminiscências de outras eras: sahiram, mez, assoalho (em vez de chão), cousa horrorosa, e por aí vai.

Tenho lido reportagens e artigos sobre a catástrofe do Rio Grande do Sul. Para mim, precisou aparecer essa cartinha, pescada de algum baú (bahu?), pra ensinar que a mesma barbaridade já aconteceu em maio de 1941. Com as mesmas consequências.

É verdade que o estado era menos populoso, assim como é verdade que as cidades eram menos apinhadas. Assim mesmo, morreram brasileiros, afogaram-se animais e gado, arruinaram-se lavouras, pontes, estradas e instalações.

Este escriba, que é velho mas não a esse ponto, não poderia lembrar, de memória, da enchente porto-alegrense de 1941. Mas os jornais, que a gente imagina possuírem arquivos robustos, deveriam ter comparado, desde os primeiros dias, a inundação atual com a de oitenta anos atrás. A mídia gaúcha relembrou enchentes do passado, mas os jornais de circulação nacional foram menos atirados. A menos que eu tenha zapeado.

A repetição das cheias vai continuar, ainda que nossa memória falhe. Mas a memória é um componente poderoso na prevenção e na mitigação de problemas futuros.

_________________________

JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

A lição e a dor que vêm do Sul. Por Fernando Gabeira

Cada vez que enfrentamos eventos extremos como os que atingem o Rio Grande do Sul, sempre nos perguntamos se a mudança não virá agora, se não vamos aprender as lições que as mudanças climáticas nos oferecem ou se não vamos romper os diques do negacionismo que impedem a ação transformadora.

Ninguém pode ter a pretensão de saber todas as respostas para o novo tempo. Mas é preciso começar humildemente por reconhecer que é loucura continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

Passado o momento da emergência e de salvar vidas, proteger as pessoas atingidas e restabelecer serviços essenciais como água e luz, será preciso discutir a reconstrução e, simultaneamente, através dela, inspirar as medidas preventivas em outros pontos do País.

É senso comum afirmar que precisaremos de recursos. Mas antes de pensar nos recursos seria necessário refletir sobre a maneira como os distribuímos.

O Congresso detém grande parte do Orçamento e a distribui em emendas parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira, argumenta que esse é o caminho correto pois só parlamentares em contato com suas bases conhecem as necessidades municipais.

Contesto essa tese porque pensar em termos exclusivamente municipais não dá conta da complexidade de muitos problemas, principalmente o de adaptação às mudanças climáticas.

O Lago Guaíba, por exemplo, é alimentado por quatro rios: Gravataí, Jacuí, Caí e Sinos, Não adianta pensar apenas em termos locais. Há alguns anos, criamos um instrumento de gestão para cuidar disso, o Comitê de Bacia. Ele é essencial não só para tratar do abastecimento da água e dirimir conflitos dele decorrentes, mas também para planejar uma defesa adequada às inundações.

Embora os Comitês de Bacia ainda estejam longe de cumprir seu potencial, em alguns lugares o planejamento esbarra sobretudo em planos de desenvolvimento municipal isolados da realidade da bacia hidrográfica.

De nada adianta construir um grande esquema de drenagem rio acima e despejar toda a água em vizinhos despreparados, para dar apenas um exemplo.

Sistemas de diques e drenagem não funcionaram bem em Porto Alegre. Algumas construções em outras cidades metropolitanas datam da década de 1960, quando ainda não se falava muito em aquecimento global.

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o índice de chuvas na Região Sul do Brasil cresce há 60 anos e está sendo impulsionado pelo aquecimento global. Mas isso é difícil de demonstrar, principalmente em áreas tão desconfiadas sobre mudanças climáticas, como alguns setores do agro.

… Caiu muita água. Não é possível esquecer rápido nem pura e simplesmente destinar dinheiro para reconstrução sem refletir sobre o novo tempo, sem otimizar com uma análise detalhada o uso desse dinheiro…

De fato, não se demonstram com facilidade nem o aquecimento nem seus efeitos. Porto Alegre teve uma grande inundação há 83 anos, em 1941. Não seria apenas a repetição daquele desastre?

Acontece que o Rio Grande do Sul foi atingido por grandes chuvas na primeira semana de setembro do ano passado. Tudo indica que estamos diante de outra situação, que alguns chamam de novo normal.

Tudo isso acontece num ano de eleições. As cidades trocarão prefeitos e vereadores. Todos terão de pensar num novo planejamento urbano, todos terão de colocar as preocupações ambientais no topo da agenda, uma vez que tornaram-se uma questão de sobrevivência.

É preciso ressaltar a grande força da inércia, a forte tendência de tudo ficar como está, sobretudo quando passam os momentos mais graves.

Dessa vez, há algo que ficará no horizonte por algum tempo. O processo de reconstrução do Rio Grande do Sul não se fará da noite para o dia. Não são apenas algumas estruturas que precisam ser revistas. Parece que até a localização de algumas cidades, como Roca Sales e Muçum, devem ser reavaliadas.

Caiu muita água. Não é possível esquecer rápido nem pura e simplesmente destinar dinheiro para reconstrução sem refletir sobre o novo tempo, sem otimizar com uma análise detalhada o uso desse dinheiro.

Todo o País tem uma chance agora de se adaptar às mudanças climáticas, de trabalhar a resiliência de suas cidades e de considerar também que o perigo não vem apenas do céu e que grande parte de suas regiões litorâneas serão atingidas pelo aumento do nível do mar.

Trabalhei num pequeno documentário intitulado O Avanço do Mar, percorrendo praias já destruídas, como a de Atafona, no Estado do Rio, e outras ameaçadas em Pernambuco e Santa Catarina.

Concluí que o título era inadequado. Ainda não se tratava propriamente do avanço do mar. Passei a chamá-lo de A Resposta do Mar, cujo território foi invadido pela especulação imobiliária.

Mas foi possível imaginar o que nos espera quando o mar avançar de fato e nos colher em nossa indiferença ao derretimento das geleiras, que começou há muito tempo.

Talvez o mundo da política institucional não se dê conta da rapidez necessária de tantas mudanças. Mas a sociedade sim terá um papel essencial, cobrando dos seus governantes e tomando algumas iniciativas que não dependem deles. Meninos e meninas que ainda estão na escola já começam a saber do que se trata, e certamente serão decisivos.

______________________________________________________________

Anotações – (1). Por José Paulo Cavalcanti Filho

  Por José Paulo Cavalcanti Filho  –  Escritor, poeta, membro das Academias Pernambucana de Letras, Brasileira de Letras e Portuguesa de Letras. É  um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade

Vivo para ler e escrever. Mudança importante, nas rotinas que cumpro, aconteceu ano passado com a eleição para a (cadeira 39, que foi do amigo Marco Maciel), na Academia Brasileira de Letras. Que passei a receber, em média, três livros por dia e sempre com dedicatórias generosas. Como que à espera de comentários. Por isso tenho agora que ler ainda mais. Para responder a todos, é o preço. Além dos pedidos de prefácios, até quatro por semana, que desisti de atender. Por ser desumano. Perdão aos que já pediram e aos futuros, que ainda não. Ocorre que, nesse dia-a-dia, faço pequenas observações que gostaria de dividir com os amigos. E o farei, a partir de agora, sempre com esse título. Espero só que o leitor não desaprove por completo.

***

Encerrei uma série de colunas sobre Os últimos dias de Fernando Pessoa citando a deusa da poesia portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andresen. Seu filho, jornalista e romancista (de Equador) Miguel Souza Tavares, me mandou bilhete que vale a pena reproduzir: ? Obrigado, amigo Zé Paulo, por se ter lembrado da senhora minha mãe para encerrar essa série magnífica de textos sobre os últimos dias de Pessoa. De facto os poemas dela sobre Pessoa, e esse obstinado fascínio que revelam, sempre foi coisa que a um tempo me deslumbrou e, ao mesmo tempo, me intrigou, visto que nada de semelhante se deu na existência de ambos. Quando ela era uma poetisa da luz e ele da sombra, ela uma eterna viajante e ele um homem assumidamente escondido do mundo. E é quase em desespero que, num poema das Cíclades, ela escreve

Invoco o teu nome

Como se aqui

O negativo que foste de ti próprio/

Se revelasse….

***

Ignácio de Loyola Brandão, querido confrade na ABL, também fez comentário que vale a pena ver: ? Mas quem disse que Pessoa morreu? Para mim, pelo tanto que produziu de impressionante grandeza, ele subiu aos céus. Tinha feito tudo, de bom e do melhor. Sentiu desfastio, olhou em volta e viu Portugal, a Europa, o mundo de hoje, esta humanidade que de humana nada tem, estes homens deixando de ser sapiens. Percebeu que não gostaria de viver neste futuro (presente para nós) e desencarnou, deixando no ar mais um mistério ? entre os muitos que tinha em torno ?, de que morreu? Para mim, morreu de falência total da humanidade.

***

O Governo Federal, na Educação, esquece o mérito e escolhe alunos por sorteio, como no Colégio de Aplicação de Pernambuco. E na mesma hora, para a administração, esquece o sorteio e escolhe seus funcionários pelo mérito. Via concurso público. Lembro Emerson (Ensaios), “a coerência tola é um espantalho de espíritos insignificantes, adorada por filósofos, sacerdotes e pequenos homens de Estado”. É mesmo. Difícil de entender (e aceitar) essa contradição absoluta na ausência de critérios. Coisas de “pequenos homens de Estado”, talvez.

***

Em livro muito interessante do mestre Luciano Oliveira, 10 Lições sobre Hannah Arendt, vejo que essa autora escolhia títulos provisórios para seus livros, substituídos mais tarde nas publicações definitivas. Como Origem do totalitarismo, que no começo se chamaria Os 3 pilares do inferno. Ou A condição humana, antes Amor mundi (amor do mundo). Comigo também. Ao escrever uma biografia sobre Fernando Pessoa, escolhi título que o ligasse à “loucura rotativa” (assim chamava) da avó Dionísia. E a ele próprio que, por várias vezes, quis se internar em asilos psiquiátricos. A partir de sua definição sobre a loucura, em carta ao amigo Armando Côrtes-Rodrigues (de 19/01/1915): “Viagem entre almas e estrelas, pela Floresta dos Pavores. E deus, fim da estrada infinita, à espera do silêncio de sua grandeza”. Por isso escolhi, como título, A Floresta dos Pavores de Fernando Pessoa. Maria Lectícia achou um horror. Preferiu outro. E consultei um monte de amigos por continuar preferindo meu título inicial, o tal da Floresta dos Pavores. Só que o resultado deu unanimidade, contra. Razão pela qual acabou sendo Fernando Pessoa, uma quase autobiografia. Que, aqui para nós, ficou bem razoável. Tanto que acabou mantido nos 12 países em que o livro foi, até agora, traduzido.

* * *

Morreu o amigo queridíssimo Sebastião Dias. Pena. Um gênio. Dele é a música preferida por João Carlos Paes Mendonça e também minha. A simplicidade, em lugar da sofisticação literária dos eruditos, ou dos compositores que tanto sucesso fazem nas elites e nas Universidades. Para quem não conhece aqui vai a letra, imortal, de Conselho de um pai ao filho adulto:

Por favor filho querido me escute pense bem

Seu velho pai quer lhe dar o valor que você tem

Você está na idade de alcançar a liberdade

De fazer sua vontade, tornar-se homem também.

 

Tem umas coisas meu filho que eu queria lhe dizer

Lhe eduquei como podia já cumpri com meu dever

Você agora decida, o futuro lhe convida

Eu gerei Deus deu-lhe a vida, é você quem vai viver.

 

Queira espinhos no começo, aguarde flores no fim

Respeite o seu semelhante siga o bom deixe o ruim

Por onde você passar reconheça o seu lugar

Pra ninguém se envergonhar de um filho meu nem de mim.

 

Defenda a moral sem sangue, ajude a quem precisar

Quando tiver precisão peça um pão pra não roubar

Ouça o velho ame o menor, pense em Deus faça o melhor

Coma e vista do suor que seu rosto derramar.

 

Não queira ouro roubado nem amor por fantasia

Escolha mulher sincera para sua companhia

Faça meu filho o que eu fiz, veja como sou feliz

Só casei com quem eu quis e sua mãe com quem queria.

 

O mundo tem dois caminhos, um é certo o outro errado

Na escolha de um deles é preciso ter cuidado

Se você não escolheu um deles pra ser o seu

Se quiser seguir o meu, o exemplo é meu passado.

 

Mesmo na maior idade quero estar sempre contigo

Lhe ensinando bons caminhos lhe livrando do perigo

Estando perto ou distante não lhe deixo um só instante

Porque de agora em diante além de pai sou amigo.

 

Corra o mundo faça amigos, conheça o que eu conheci

Transmita o que eu lhe ensinei, conquiste o que eu consegui

Aproveite a juventude, ame a paz, honre a virtude

Quando quiser quem lhe ajude seu velho pai está aqui.

 

Em louvor ao amigo lembro versos da poeta de Caicó (RN), Constância Uchoa,

Com a vinda do Messias

Dias melhores virão

Mas nunca haverá um Dias

Melhor que Sebastião.

Anotações (2). Por José Paulo Cavalcanti Filho

  Por José Paulo Cavalcanti Filho  –  Escritor, poeta, membro das Academias Pernambucana de Letras, Brasileira de Letras e Portuguesa de Letras. É  um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade

  1. RIO GRANDE DO SUL. Antônio Pavão, da Academia Pernambucana de Ciências, recebeu recado que lembra Fernando Pessoa (Ficções de Interlúdio), “Não quero o presente, quero a realidade/ Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede”. Que a PM do RS já não consegue evitar saques. Tanto que o governo local já pensa em decretar um GLO, para enfrentar essa guerra. Para confirmar isso a filha de Pavão, que mora em Porto Alegre, lhe mandou mensagem que dá uma boa dimensão da tragédia humana por trás das chuvas:

? Gente, cena de guerra aqui. Muito triste. O prédio está sem água e conseguimos encher uns baldes e panelas. Água mineral está em falta na cidade, mas temos um garrafão de 20 litros. As facções estão saqueando tudo. Mantimentos. Um horror. Nem os brigadianos estão com coragem de ir. Tudo armado nessas cidades alagadas.

  1. MADONNA. Esse último evento, no Rio, me lembrou o amigo Oliveira de Panelas. Numa cantoria, pediram que desse uma definição de globalização e ele respondeu assim:

– Certo dia eu estava em Hollywood

Em Marlboro, ou talvez no Arizona

Foi então quando encontrei-me com Madonna

Que convidou-me para um banho no açude.

E se a galega mostrou ter muita saúde

Eu também lhe mostrei ter muito gás

E nos domínios das táticas sensuais

Tudo quanto ela quis, fiz em inglês

E depois perguntei em português

O que é que me falta fazer mais

Tinha mesmo razão. Que Madonna é baixinha, velhota, loura, canta numa língua que Oliveira não entende, um tipo de música que ele não gosta. E como pode esse tipo ser musa de nosso cantador?, eis a questão. Em resumo, Oliveira foi perfeito em sua definição.

  1. A ARTE DE SER CAMALEÃO. Os capitéis dos templos romanos eram povoados por figuras animais que vieram das páginas do Apocalipse. Expressando-se nessas figuras receios, remorsos, virtudes, o mel e o fel que habitam o coração do indeterminado cidadão comum. Avançamos no tempo. Até (Friedrich) Nietzsche. Que, em Assim falou Zaratustra, fez seu bestiário baseando, na moral, a busca de poder que eleva o Übermensch (em tradução livre, o Novo Homem). Inspirado nesses capitéis, representava esse homem com figuras animais. O camelo, com a moral pesada do eu devo. O menino, com a moral simples do eu sou. E o leão, com a moral onipotente do eu quero.

Nesse zoológico de símbolos, será legítimo perguntar qual animal deveria representar a imprensa. Mais amplamente, os meios de comunicação. E, se assim for, talvez devêssemos escolher o camaleão. Por sua infinita capacidade para mudar sempre. Com a moral ambígua do eu me adapto.

Essa marca vem de longe. Nos livros de jornalismo, por exemplo, sempre se proclama que tudo começou com (Johannes) Gutenberg (1398 – 1468). Só que não é bem assim. Os tipos móveis não foram inventados por ele. Já sendo usados, na China e na Coréia, milhares de anos antes. Feitos em porcelana, madeira e metal. O título de Pai da Imprensa, que lhe é atribuído, se deve ao fato de que teria editado o primeiro livro ? a Bíblia de Gutenberg, como se diz ainda hoje. Problema é que essa Bíblia de Gutenberg nunca existiu. Trata-se, apenas, de lenda. Como tantas outras.

A história real é outra. Para pagar dois empréstimos de 800 florins, cada, o pobre do Gutemberg foi obrigado a entregar em 1455, ao banqueiro Johannes Fust, materiais e obras em preparação. Entre elas, o projeto de uma Bíblia de 42 linhas. Apenas projeto. Que acabou depois realizado, inteiramente, pelo tipógrafo Peter Schöffer.

Quando veio a público a Bíblia de Shöffer e Fust, em 1456, já Gutenberg havia voltado ao anonimato em que sempre viveu. Sem que se conheça um único livro impresso por ele. Nem havendo sequer um retrato seu. Nada. Ficou apenas o anúncio, alardeado por ele nos bons tempos, de que estaria fazendo uma Bíblia. Que nunca fez, mais uma vez se diga. Apesar disso, e por força das repetições, continuamos a falar na Bíblia de Gutenberg. Um caso claro em que a adaptação camaleônica de uma mentira, e sua repetição continuada, finda por se converter em verdade. O que vem hoje se repetindo com desalentadora preferência, não custa lembrar, em nosso Brasil de hoje.

  1. GUARDIÕES. Em conhecido conto de Kafka (Diante da Lei), um homem do campo encontra o Lugar da Lei protegido por um guardião. E pede autorização para entrar. Talvez até nem devesse pedir, que a porta da Lei estava (aparentemente) aberta. Mas o guardião não deixou. Ainda advertindo que além dele ainda existia, de sala para sala, guardas cada vez mais fortes, a não permitir ninguém entrar. O homem do campo não esperava reação tão dura. Que a Lei, pensava, deveria ser acessível a todos. Mas, por humildade (ou prudência), ficou esperando lhe fosse concedida tal autorização. E assim permaneceu por dias, meses e anos. Até perceber, já bem velho, que a “indesejada das gentes” (assim Bandeira se referia à morte, na sua Consoada) era inevitável. Então, com um resto de coragem, perguntou ao guardião: “Se todos aspiram à Lei, como é que durante todos esses anos ninguém mais, a não ser eu, pediu para entrar?”. Para ouvir a resposta do guardião, “Porque só para você era feita essa porta”. Lembro do escritor de Praga, com a sensação de que esse homem do campo era, na verdade, o povo brasileiro.

Vídeo: Tutor chora ao reencontrar cadela desaparecida em abrigo após temporais no RS

Tutor reencontra cachorrinha em abrigo após temporais no RS e vídeo viraliza nas redes

Tutor reencontra cachorrinha em abrigo após temporais no RS e vídeo viraliza nas redes — Foto: Reprodução

Um vídeo registrou o momento do reencontro de um tutor com sua cadela em um abrigo no Galpão Ulbra, em Canoas, no Rio Grande do Sul. O animal foi um dos resgatados das enchentes em decorrência das fortes chuvas que atingem o estado gaúcho desde a semana passada. As imagens foram compartilhadas, na quinta-feira, pela influenciadora Eduarda Peixoto, que é uma das voluntárias no local e viralizou nas redes sociais.

O homem pega a cadelinha no colo e se emociona ao reencontrar o animalzinho. Ele ainda abraça a cachorra enquanto Eduarda fala: “É ela? Eu sabia que eu tinha visto! Olha a felicidade, tu achou teu pai!”

“Reencontros que enchem nosso coração de amor e esperança”, escreveu a influenciadora na postagem.

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde semana passada já deixaram 116 mortos. Há ainda o registro de 143 desaparecidos e estima-se que o temporal tenha atingido pelo menos 1,9 milhão de pessoas até agora. Os números foram divulgados no último boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul

As autoridades locais ainda investigam se outras quatro mortes estão relacionadas com eventos meteorológicos. Ao todo, há 70.772 pessoas em abrigos, 337.346 desalojados, e 756 pessoas feridas socorridas.

Além disso, o boletim divulgado também informou que as chuvas afetam 437 dos 497 municípios do estado. O percentual representa 87,9% das cidades gaúchas.

Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), a prioridade neste momento são os municípios que ficam na margem da Costa Doce, como Pelotas e Rio Grande, que se preparam para mais chuvas. Em coletiva na manhã desta sexta-feira, Leite voltou a pedir a colaboração da população:

— Há uma perspectiva de chuva aumentando novamente o volume dos rios. A gente precisa da colaboração das pessoas, deixando as áreas de risco. É momento de prudência, cautela e orientação de não retorno — diz.

Como se decorresse hoje, o discurso sobre a servidão voluntária, em Étienne de La Boétie

“Ninguém pode julgar que, tendo nos criado todos iguais, a natureza tenha prescrito a alguém a servidão” – Étienne de La BoétieO texto abaixo foi escrito por Étienne de La Boétie (1500 – 1563).  Étienne morreu jovem e confiou a Montaigne o único que dele se conhece: “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”, obra escrita quando o autor tinha apenas 18 anos.

A “servidão voluntária” de que fala o título é aquela que transforma os dominados em participantes da dominação, a questão fundamental que o texto procura responder é, em certa medida, bastante atual: “Como é possível que tantos homens, tantas cidades, tantas nações às vezes suportem tudo de um tirano só, que tem apenas o poderio que lhe dão?”. Para o autor, a chave da resposta está em “o poderio que lhe dão”…


Discurso Sobre a Servidão Voluntária

Étienne de La Boétie

Muita gente a mandar não me parece bem;
Um só chefe, um só rei, é o que mais nos convém.

Assim proclamava publicamente Ulisses em Homero. [Homero, Ilíada, cap. II] Teria toda a razão se tivesse dito apenas:

Muita gente a mandar não me parece bem.

Deveria, para ser mais claro, ter explicado que o domínio de muitos nunca poderia ser boa coisa pela razão de o domínio de um só que usurpe o título de soberano ser já assaz duro e pouco razoável; em vez disso, porém, acrescentou:

Um só chefe, um só rei, é o que mais nos convém.

Uma única desculpa terá Ulisses e é a necessidade que teve de recorrer a tais palavras para apaziguar as tropas amotinadas, adaptando (julgo) o discurso às circunstâncias mais do que à verdade.

Vistas bem as coisas, não há infelicidade maior do que estar sujeito a um chefe; nunca se pode confiar na bondade dele e só dele depende o ser mau quando assim lhe aprouver.

Ter vários amos é ter outros tantos motivos para se ser extremamente desgraçado.

Não quero por enquanto levantar o discutidíssimo problema de saber se as outras formas de governar a coisa pública são melhores do que a monarquia. A minha intenção é antes interrogar-me sobre o lugar que à monarquia cabe, se algum lhe cabe, entre as mais formas de governar. Porque não é fácil admitir que o governo de um só tenha a preocupação da coisa pública.

É melhor, todavia, que esse problema seja discutido separadamente, em tratado próprio, pois é daqueles que traz consigo toda a casta de disputas políticas.

Quero para já, se possível, esclarecer tão-somente o fato de tantos homens, tantas vilas, cidades e nações suportarem às vezes um tirano que não tem outro poder de prejudicá-los enquanto eles quiserem suportá-lo; que só lhes pode fazer mal enquanto eles preferem agüentá-lo a contrariá-lo.

Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente.

Tal é a fraqueza humana: temos freqüentemente de nos curvar perante a força, somos obrigados a contemporizar, não podemos ser sempre os mais fortes.

(Continua…)

Para ler o texto completo ou fazer o download – CLIQUE AQUI!  

Com informções do Ebook Filosófico

Fatos históricos pouco críveis

fatos-historicos-pouco-criveis

1. Cleópatra viveu mais perto da construção da primeira Pizza Hut do que das pirâmides.
A Grande Pirâmide foi construída em meados de 2.560 aC, enquanto Cleópatra viveu por volta de 30 aC. A primeira Pizza Hut abriu em 1958, cerca de 500 anos mais próximos.

2. A Oxford University é mais antiga do que Astecas.
Os ensinos em Oxford começaram em 1096, e em 1249 a Universidade foi oficialmente fundada. Já a civilização asteca como a conhecemos, começou com a fundação de Tenochtitlán, em 1325.

3. John Tyler, 10º presidente dos Estados Unidos, ainda possui dois netos vivos.
John Tyler teve seu mandato entre 1841 e 1845. Com 63 anos, teve seu filho Lyon. Lyon teria Lyon Jr e Harrison aos 71 e 75 anos, respectivamente. Ambos estão vivos até hoje na casa dos 80 anos.

4. A França ainda executava pessoas em guilhotinas quando Star Wars foi lançado.
Star Wars estreou nos cinemas em maio de 1977. A última execução por guilhotina conhecida na França ocorreu no dia 10 de setembro do mesmo ano.

5. Quando a Warner Bros foi fundada, o Império Otomano ainda existia.
Harry, Albert, Sam e Jack Warner fundaram a Warner Bros em 1903. O Império Otomano existiu de 1299 até 1923, quando a Turquia se tornou uma nação independente.

6. Se você tem 46 anos ou mais, a população mundial dobrou durante sua existência.
Em 1968, a população mundial era de 3.557.000.000. Hoje, a população mundial é de aproximadamente 7.220.292.000 e cresce em 200.000 diariamente.

7. Se a história da Terra fosse representada por apenas um ano, os humanos modernos apareceriam no dia 31 de dezembro às 23h58.
Historiadores e cientistas afirmam que os seres humanos vivem na Terra há apenas 0,004% de sua história.

8. Existe mais poder de processamento em uma calculadora TI-83 do que no computador que levou o homem à lua.
O computador que guiou a missão Apollo 11 funcionava em 1.024 MHz, cerca de 1/6 do poder de processamento de uma calculadora TI-83.

9. A cada dois minutos, tiramos mais fotos do que toda a humanidade tirou durante os anos de 1800 até 1900.
A fotografia do post é a primeira já tirada (1826), e retrata a vista de Le Gras, França, através da janela do inventor Joseph Nicéphore Niépce. A da direita mostra um gato que acidentalmente bateu uma foto de si mesmo, em 2013. É estimado que em 2014 os humanos vão tirar cerca de 880 bilhões de fotos.
Fonte: Mistériosdomundo.com

Felipe Neto Entra Em Treta Entre Janja E Whindersson Nunes, E Comediante Resgata Livro Polemico

Após uma série de alfinetadas entre Whindersson Nunes e a primeira-dama Janja Lula da Silva, o youtuber Felipe Neto decidiu entrar na discussão, publicando uma indireta ao humorista no X, antigo Twitter, na noite desta quinta-feira (9).

Sem mencionar diretamente Whindersson, Felipe Neto comentou: “Nada contra, mas de vez em quando é bom diminuir um pouco a lombra e abrir um maldito livro”.

Horas depois, Whindersson Nunes rebateu a crítica com uma imagem de um quadro publicado em um dos livros de Felipe Neto, intitulado “Casa, mata ou trepa”, ironizando: “Vou ler um infantil”.

Felipe Neto respondeu ao comentário de Whindersson, acusando-o de resgatar erros antigos para atacar a reputação, comparando sua estratégia à do bolsonarismo.

Enquanto busca formas de ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, Whindersson Nunes se envolve em polêmicas nas redes sociais, incluindo críticas à esquerda e à direita. Recentemente, suas críticas a Lula e Janja causaram reações acaloradas.

O comediante compartilhou uma publicação da primeira-dama sobre o resgate de um cavalo ilhado, adicionando uma foto da atriz Jade Picon lavando roupas na margem de um rio, cena da novela Travessia. Essa ironia gerou reações de militantes da esquerda em defesa de Janja.

Enquanto isso, Whindersson continua sua campanha de arrecadação para as vítimas das enchentes no RS, tendo já reunido R$ 3 milhões. Ele enviou oito balsas flutuantes para resgatar animais ilhados, mas ainda busca a aprovação das autoridades locais para o uso das embarcações.