Esquema também resultou em propina a políticos do PMDB
POR CLEIDE CARVALHO
O juiz Sergio Moro aceitou denúncia contra nove pessoas, entre ex-funcionários da Petrobras e operadores de propina, que foram alvo da 51ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Deja Vu“. Segundo o Ministério Público Federal, o departamento de propina da Odebrecht pagou cerca de US$ 24,7 milhões em vantagens indevidas a Aluísio Teles Ferreira Filho, que foi gerente da área internacional da estatal; Ulisses Sobral Calile, empregado do mesmo setor, e Rodrigo Zambrotti Pinau, que prestava serviços para a Petrobras. Outros US$ 32 milhões teriam sido destinados a políticos do PMDB, que, segundo Moro, ainda não foram completamente identificados.
A propina estava vinculada a um contrato de US$ 825 milhões firmado pela Odebrecht para prestar serviços à Petrobras em nove países, além do Brasil, envolvendo as áreas de segurança, meio ambiente e saúde. Para o Ministério Público Federal, os pagamentos, feitos entre 2010 e 2012, foram repassados a políticos apelidados de “Mestre” e “Tremito” na planilha de propinas da empreiteira.
Em depoimento de delação premiada, Marcio Faria, delator da Odebrecht, afirmou que o presidente Michel Temer, que na época era candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, participou de reunião em julho de 2010 para discutir o valor, que chegava a US$ 40 milhões para o PMDB, e delegou a Eduardo Cunha e a Henrique Eduardo Alves, então deputados e presentes ao encontro, a tarefa de operacionalizar os repasses, que representavam uma taxa de 5% sobre o valor dos contratos. Temer, Cunha e Alves negam.
Também foram transformados em réus Angelo Tadeu Lauria (operador financeiro), Mário Ildeu de Miranda (operador e ex-funcionário da Petrobras), Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria, Olivio Rodrigues Júnior e Rogério Santos de Araújo (executivos e prestadores de serviços para a Odebrecht).
Ao aceitar a denúncia, Moro substituiu a prisão de Pinaud pelo pagamento de fiança no valor de R$ 2,7 milhões, além do cumprimento de medidas cautelares, como a entrega do passaporte. Ainda estão presos preventivamente Aluisio Teles Ferreira Filho, Ulisses Sobral Calile e Ângelo Tadeu Lauria;
Moro voltou a defender que a Justiça Federal de Curitiba fique com o caso, já que está vinculado ao esquema da Petrobras e a dispersão de casos e provas prejudica as investigações e a compreensão do todo.