CHATÔ – O REI DO BRASIL, o tão aguardado filme do diretor Guilherme Fontes

   Por ANA HOLLANDA

DICA 20 – Dessa vez, o assunto é cinema. Mas estou me dirigindo aos excêntricos que buscam roteiros que fujam aos padrões clássicos comoventes, moralizantes, maniqueístas e, principalmente, de finais surpreendentemente felizes. A quem, coincidentemente, se interessa mais pelo cinema europeu, latino americano, oriental e até o alternativo americano. A quem o argumento e a forma atraem mais do que efeitos técnicos mirabolantes.
Estou falando de CHATÔ – O REI DO BRASIL, o tão aguardado filme do diretor Guilherme Fontes, baseado na biografia de Assis Chateaubriand, best seller homônimo escrita por Fernando Morais. Como se sabe, devido a questões polêmicas, que nem valem ser repetidas, o filme levou 20 anos para se completar. Só isso já seria motivo para desestruturar qualquer resultado. O que se nota é que os principais atores, que atravessaram da fase inicial às últimas e recentes filmagens, envelheceram um pouco. No entanto, a excelência desse elenco principal, compensa qualquer estranhamento visual. Pareceu-me que houve, por parte destes, uma entrega excepcional ao projeto do filme.
Não existe uma sequência linear e, realidade, fantasias, sonhos e pesadelos se confundem, enriquecendo a história desse personagem ambicioso, amoral, criativo que foi o megaempreendedor das comunicações, Assis Chateaubriand, dono de uma cadeia de jornais, revistas, emissoras radiofônicas e introdutor da televisão no Brasil, com a TV Tupi. Para alcançar seus objetivos fazia uso de meios nada lícitos. Até quando pretendia obter obras de arte para formar o acervo do mais rico museu de arte brasileiro, o MASP, enfim, uma causa nobre, utilizou meios espúrios. Aliás, é impressionante como todos os principais personagens, sem exceção, são apresentados como figuras curiosas mas absolutamente amorais.
O elenco, Marco Ricca como Chateaubriand, Paulo Betti como Getúlio Vargas, além de Andrea Beltrão, Leticia Sabatella e Leandra Leal e vários participantes especiais, respondeu muito bem ao desafio. Aliás, reunir um elenco desse naipe para os papeis certos, mesmo quando coadjuvantes, é mais uma das qualidades de CHATÔ.
Voltando à introdução, para quem busca singularidade, o filme é uma pedida.

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