Pré-candidatos ao Governo do Estado começaram a receber importantes apoios dos presidenciáveis
Apesar de não serem preponderantes, as alianças políticas nacionais são um fator significativo para os postulantes estaduais. Em Pernambuco, a semana foi marcada por sinalizações dos pré-candidatos ao Governo do Estado que contarão com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT), até aqui os dois protagonistas da corrida pelo Planalto.
O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), teve a sua candidatura chancelada pelo seu correligionário, na última quinta. Já Danilo Cabral (PSB), escolhido para a sucessão do governador Paulo Câmara, postou foto ao lado de Lula dizendo que estão “unidos nesta frente ampla pelo Brasil e por Pernambuco”.
Empenhados em suas pré-candidaturas ao Governo, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil), têm um cenário incerto nacionalmente que, inclusive, pode obrigar que os dois tenham o mesmo candidato a presidente da República, caso PSDB e União Brasil solidifiquem uma aliança nacional.
Raquel é do partido de João Doria, governador de São Paulo, que busca ser presidente. Doria, no entanto, já menciona a possibilidade – ainda que timidamente – de abrir mão da candidatura caso alguém do “centro” esteja em melhores condições. No União Brasil, há a possibilidade do deputado federal Luciano Bivar ser o pré-candidato. Acontece que União Brasil, PSDB, MDB e Podemos podem realizar uma decisão conjunta para definir um único candidato à Presidência. Esse cenário faria Raquel e Miguel terem o mesmo palanque nacional, apesar de serem adversários.
Disputa de narrativas
“Se alguém tem receio sobre a questão partidária, esse alguém não é Raquel”, garante o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), aliado da prefeita de Caruaru. Ele ressalta que ela “tem o apoio resolvido da federação PSDB/Cidadania”. Sobre a ausência de um nome, até aqui, forte eleitoralmente em um palanque nacional, Daniel avalia que esse ponto não é definidor. “Nossa campanha é sobre o futuro de Pernambuco. Raquel não é anti alguma coisa; ela é a favor do futuro”, pontua. Para o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB), a oposição evita nacionalizar o debate. “O nosso único palanque é o de Lula”, destaca Isaltino Nascimento, sublinhando que este ano a corrida pelo Palácio do Campo das Princesas terá “duas instâncias”, a nacional e a local.
Cenário em aberto
O cientista político e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Antônio Lucena, considera que o palanque nacional ao qual o candidato está alinhado é um ingrediente com poder de influência, que pode tanto ajudar como atrapalhar o candidato. O caso do apoio de Jair Bolsonaro a Anderson Ferreira, por exemplo, é visto por ele como arriscado. Na prática, com a ida de Bolsonaro ao PL, Anderson não tinha outra alternativa de concorrer ao Palácio do Campo das Princesas que não a de ser o palanque de Bolsonaro em Pernambuco. “A tendência é de que algumas pessoas que poderiam votar em Anderson não votarem por causa desse apoio do presidente. Mesmo dentro do segmento evangélico, que é um segmento que apoia Anderson e Bolsonaro, você tem uma dissidência grande a respeito do presidente”, avalia Lucena.
“O fato de existir uma fatia do eleitorado que rejeita um candidato que seja apoiado por Bolsonaro beneficia automaticamente Miguel e Raquel. É um xadrez, temos que observar no processo mais próximo da eleição o quanto dessa rejeição de Bolsonaro vai estar cristalizada no eleitorado pernambucano”, frisa Priscila Lapa, cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda. Ela pondera, no entanto, que Anderson também tem a ganhar com a aliança. “Em relação à estrutura, Anderson vai ter um palanque com apoio, com recurso. Estamos falando da máquina federal, estruturas que podem ser muito vantajosas, ele pode ganhar muito fôlego”, afirma Priscila Lapa.
Colar Danilo a Lula
Priscila Lapa crê que, no caso de Danilo Cabral, será preciso haver um trabalho forte de associação entre ele e Lula, caso a Frente Popular queira tirar grande proveito do cabo eleitoral petista na disputa estadual. “Aconteceu poucas vezes na história eleitoral de ter essas transferência de voto de forma tão efetiva. Acho que vai ter sim um trabalho do eleitor conhecer Danilo, uma construção das pessoas saberem que ele é o candidato de Lula. Ainda temos uma memória muito recente em Pernambuco de PT e PSB não estarem juntos. Isso pode ser um ponto negativo na campanha. Pode ser muito explorado pelos adversários essa divergência”, avalia a cientista política.