Inicialmente, serão disponibilizados no Google Arts & Culture a Exposição “Vitalino” e 565 itens do acervo da Fundação Joaquim Nabuco
O Museu do Homem do Nordeste (Muhne), da Fundação Joaquim Nabuco, agora está presente também no Google Arts & Culture. Isso significa que o equipamento cultural sediado no Recife poderá ser visitado em qualquer lugar do mundo, bastando acessar artsandculture.google.com/partner/museu-do-homem-do-nordeste . A partir do dia 22 deste mês, ao acessar a página exclusiva, o visitante irá conferir um recorte do acervo do museu. Um total de 565 itens. Além de uma exposição sobre o artista Mestre Vitalino (1909—1963), montada especialmente para a estreia. A estreia na plataforma dá início a transformação digital do Muhne.
“Vivemos a Era da Ubiquidade e o Nordeste também está em toda parte. O Museu do Homem do Nordeste tem mais de 16 mil peças em seu acervo. Começaremos com esses 563 itens e seguiremos atualizando em consonância com o Google Arts & Culture”, celebra o presidente da Fundaj, Antônio Campos. Disponível para desktop, iOS e Android, o Google Arts & Culture conta atualmente com mais de 2 mil parceiros em 80 países.
Em funcionamento desde 2011, a plataforma tem como objetivo aumentar a presença online de organizações culturais. Cria ferramentas e tecnologias gratuitas para mostrar e compartilhar histórias de arte e cultura com um público online global. A plataforma é imersiva e possibilita explorar arte, história e maravilhas culturais ao redor do mundo, desde as pinturas no quarto do Van Gogh, à cela de prisão do Nelson Mandela.
Na página inicial, o visitante é recepcionado por uma carta do próprio Muhne. Nele, percorremos criação, origem e números atuais do equipamento cultural, como o acervo de aproximadamente 16,6 mil peças. “O Nordeste foi o território inaugural do Brasil, e eu alcancei representar a opulência e a originalidade da cultura dos meus representados. Nessas ocasiões não fui vitrine: fui espelho”, indica a carta.
A experiência virtual permite acessar as coleções por estados, da Bahia ao Maranhão, ou material utilizado para a confecção das peças, como borracha, cera, couro, gesso, porcelana e tecido. São objetos como a calunga Dona Joventina, do Maracatu Estrela Brilhante. Talhada em madeira há 112 anos pelas mãos de um santeiro desconhecido, a história da calunga é repleta de disputas, controvérsias e muito mistério.
Até uma suposta carta à boneca, que viveu com a antropóloga norte-americana Katarina Real, teria narrado em uma sessão espírita. Mas há também uma coleção de cachaças com rótulos repletos de arte, os mamulengos (fantoches pernambucanos), rendas de bilro, arupembas, foices, estrovengas, joalherias, instrumentos musicais e muito mais.
Vitalino
A exposição de estreia apresenta um recorte da Coleção Vitalino, do Muhne. Peças do artista brasileiro Mestre Vitalino (1909—1963) evidenciam a cultura do Nordeste do Brasil até meados do Século 20. “A exposição dá ênfase a algo que o artista desenvolveu como uma das suas principais características, a de cronista do cotidiano. Vitalino olhou sua realidade e a tomou como tema, narrando e registrando hábitos comuns no seu meio social. Tomou a si próprio como tema muitas vezes”, explica o coordenador de expografia do Muhne, Antônio Montenegro.
Pernambucano de Caruaru, no Agreste do estado, Vitalino Pereira dos Santos é um dos mais importantes artesãos do Brasil. O caruaruense também se notabiliza por suas peças de cerâmica que trazem figuras inspiradas nas crenças populares, nos rituais e no imaginário da população da região. São formas, cores e outras visibilidades por ele criadas que conferem materialidade ao espírito e à identidade cultural de parte substantiva do Brasil. Para Montenegro, ao pensar o Nordeste muitas imagens surgem e as peças de Vitalino estão entre as principais.
Para o visitante, a exposição é também uma oportunidade para conhecer um dos diversos acervos do equipamento. “Para o Muhne, Vitalino é a ‘joia da coroa’ de suas coleções”, assinala o coordenador. A origem humilde do artista é colocada por meio de imagens do Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundaj. Mas também é possível ampliar a imersão a partir do documentário sobre Museus de Caruaru, de 1991, uma produção da Massangana Vídeo e Som (atual Massangana Audiovisual). Textos curtos e pequenos comentários completam a montagem.