Merval Pereira
O Globo
O presidente Bolsonaro, hoje, é refém do centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira, que domina o Congresso e faz o que quer. As críticas que recebe são de outras vias – sociedade, imprensa – mas os políticos estão todos alinhados.
Com o Centrão sendo majoritário, Bolsonaro não tem lugar de fala, tem que aceitar o que o grupo quer, e recebe favores. O Congresso está muito independente do governo. Não no sentido de defender teses e se posicionar independente do governo, mas no sentido de ter decisões próprias em vários assuntos.
BRIGA DANADA – Agora, por exemplo, Bolsonaro nomeou um ministro do TCU para a embaixada em Portugal, abrindo no tribunal uma vaga para o Congresso. Por causa disso, está uma briga danada, com vários pretendentes.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quer nomear o senador Antonio Anastasia; o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho , se candidatou e a senadora Katia Abreu também está na disputa.
Bolsonaro não controla esse processo, assim como não consegue nomear para o STF. Está realmente refém de deputados e senadores.
CÂMARA NO COMANDO – Sempre imaginamos que o governo controlasse o Congresso através dessas verbas secretas, e outras verbas. Mas quem inventou tudo isso foi a Câmara, e é ela quem decide, fazendo uma autogestão.
Esse sistema já existia no governo Temer – falava-se que era o parlamentarismo branco –, mas ele o então presidente era um personagem importante do Centrão. Bolsonaro não é nada, não pode brigar com ninguém no Congresso. É uma situação complicada para ele.