Paulo Jerônimo
Presidente da ABI
A Associação Brasileira de Imprensa manifesta o seu espanto e a sua indignação com o fato de terem sido intimados a depor, pelo Polícia Civil do Rio de Janeiro, os apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos.
Segundo a polícia, eles devem explicar a veiculação de supostas informações sigilosas a respeito do esquema de corrupção conhecido como “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.
Nosso espanto vem do fato de terem sido Bonner e Renata os convocados a depor, e não Flávio Bolsonaro e o miliciano Fabrício Queiroz, seu assessor.
Nossa indignação vem do fato de que, uma vez mais, se tenta intimidar a imprensa e calar a sua voz, num claro atropelo à Constituição.
Fiel aos seus 112 anos de defesa da liberdade de expressão, a ABI se coloca incondicionalmente ao lado dos jornalistas atingidos.
Bonner e Renata, contem com o nosso apoio.
OAB TAMBÉM CRITICA – O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, usou as redes sociais nesta sexta-feira 4 para criticar a decisão da Polícia Civil do Rio de Janeiro de intimar os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional, da TV Globo, a depor por suposto crime de desobediência a uma decisão judicial.
“A intimação de William Bonner e Renata Vasconcellos para deporem sobre a cobertura jornalística é uma afronta, ainda que simbólica, contra a imprensa livre. E os símbolos não podem ser ignorados. Há canetadas que pesam. Mas a Constituição pesa muito mais”, escreveu Santa Cruz.
O caso em questão é o da “rachadinha” de salários no gabinete de Flávio Bolsonaro em seus tempos de deputado estadual no Rio de Janeiro.
JUÍZA PROIBIU – No dia 4 de setembro, a juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), proibiu a TV Globo de exibir qualquer documento ou peça das investigações sobre o caso.
Em novembro, o próprio Flávio Bolsonaro protocolou na Delegacia de Repressão Aos Crimes de Informática (DRCI), no Rio, uma notícia-crime para investigar suposto crime de desobediência por parte dos apresentadores do Jornal Nacional.