Silvia Amorim, Gustavo Maia e Thais Arbex
O Globo
A reunião do presidente Jair Bolsonaro com governadores do Sudeste na manhã desta quarta-feira, dia 24, teve bate-boca e os discursos descambaram para questões políticas e eleitorais.
O momento mais tenso foi protagonizado por Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. O paulista ameaçou ir à Justiça contra o governo federal caso haja confisco de equipamentos e insumos destinados ao combate do novo coronavírus no estado.
“DEMAGOGIA” – Bolsonaro reagiu ao discurso de Doria e, entre outras acusações, disse que o governador faz “demagogia barata” neste momento com objetivos eleitorais em 2022.
Participam da reunião os governadores Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Romeu Zema (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo), além de ministros como Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), entre outros. A reunião, que acontece por videoconferência, ainda está em andamento.
ADVERSÁRIOS – O clima do encontro destoou das demais reuniões feitas por Bolsonaro com os outros governadores do país desde segunda-feira. O encontro desta manhã aconteceu um dia depois do pronunciamento de Bolsonaro em rádio e televisão em que defendeu um afrouxamento das medidas de restrição à Covid-19. Witzel e Doria são os governadores que Bolsonaro considera seus maiores adversários políticos.
Bolsonaro foi cobrado na reunião desta manhã a dar “o exemplo” ao país. Irritado com a fala do governador de São Paulo, Bolsonaro partiu para o ataque: “Essa situação (de Dória como) porta-voz (dos outros governadores) pra mim não serve. Senhor governador João Doria, faça a sua parte, o governo federal está pronto para colaborar, como sempre esteve. Vossa excelência foi que fechou as portas para nós. Resolveu partir para a campanha antecipada de 22 em vez de buscar o bem estar do seu povo paulista, para minorar os problemas que se avizinhavam. Assim, sendo, respondendo a vossa excelência, não atacando, mas apenas respondendo seus ataques infundados”.
CALMA E EQUILÍBRIO – Bolsonaro passou a palavra para o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, que diante da discussão entre eles pediu calma: “O momento, quando se tem uma crise dessa proporção, a primeira palavra que a gente precisa ter é calma e equilíbrio”.
Governadores também pediram ao presidente nesta quarta-feira que inicie negociações com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para que o pagamento das dívidas dos estados com essas instituições seja adiado por até um ano.
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