“Vamos obstruir todas as pautas. Não vamos permitir a apresentação do relatório da Previdência”, afirma líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali
A oposição avalia os próximos passos após o vazamento de supostas conversas que sugerem colaboração entre o então juiz Sergio Moro — hoje ministro da Justiça — e os procuradores da Operação Lava Jato, mas já promete obstrução às votações na Câmara dos Deputados e pede a saída de Moro do ministério.
“Cabe ao Parlamento brasileiro entrar nas investigações”, afirmou a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao classificar como “criminosas” as condutas de Moro e do coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba, Deltan Dallagnol.
O site Intercept Brasil publicou neste domingo (9) uma série de reportagens com base no que diz serem arquivos recebidos de uma fonte anônima mostrando suposta colaboração entre Moro e Dallagnol.
“Vamos obstruir todas as pautas. Não vamos votar mais nada. Não vamos permitir a apresentação do relatório da Previdência”, disse a deputada.
Jandira e outros líderes da oposição argumentaram que Moro e Dallagnoldeveriam ser afastados dos cargos que ocupam e que seus celulares funcionais devem ser recolhidos para que não haja prejuízo às investigações sobre o caso.
O líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS), defendeu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) instaurem procedimentos disciplinares administrativos para verificar as condutas dos envolvidos, já que trata-se de um “escândalo de proporções ainda desconhecidas”.
“Queremos a renúncia do juiz Sergio Moro, o afastamento do juiz Sergio Moro”, afirmou Pimenta, acrescentando que o assunto não se restringe a uma demanda da esquerda e “transcende” a natureza partidária.
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), afirmou que, segundo as conversas divulgadas, Moro extrapolou suas atribuições de juiz.
“Juiz não investiga. E tão claramente ele prejudicou as investigações que foram feitas na Lava Jato”, pontuou. “Ele atuou como um agente político-partidário, combinado com o procurador Deltan Dallagnol e articulado com a Polícia Federal.”
Integrantes do grupo de oposição afirmaram que os contatos com o chamado centrão já estão ocorrendo, mas admitem que um posicionamento do grupo político não deve ocorrer de imediato.
Segundo um deles, o apoio do centrão está condicionado a um timing político específico, que envolve a análise de um caso jurídico envolvendo nomes do PP na terça-feira em uma das turmas do STF (Supremo Tribunal Federal).
Também deve pesar na avaliação do grupo político o impacto do vazamento no governo ao longo da semana, já que há expectativa de novas publicações sobre o tema.
fonte: Reuters.