José Matheus Santos
Diário de Pernambuco
Aliados do deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) admitem a pré-candidatura dele à Prefeitura do Recife nas eleições de 2020. Segundo interlocutores próximos ao parlamentar, o pleito é parte de recomendação nacional do PDT para que a sigla apresente candidaturas em capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes, com o objetivo de fortalecer o partido para as eleições de 2022, quando Ciro Gomes provavelmente será postulante ao Palácio do Planalto.
“Essas questões das candidaturas foram deliberadas na convenção nacional do partido. Temos o nome do deputado Túlio Gadelha à disposição (no Recife) para aglutinar em torno dele uma série de forças politicas que estão sem espaço na gestão atual do PSB. Mas os filiados é que vão definir o melhor caminho a seguir. Estamos trabalhando ao máximo para viabilizar a candidatura de Túlio em 2020”, afirmou à reportagem o presidente da Fundação Leonel Brizola em Pernambuco, Pedro Josephi.
NOME NATURAL – Após anos de militância no PSol, Pedro Josephi ingressou no PDT no fim do ano passado, assim como a ativista LGBT Maria do Céu, egressa do PPS, o professor Rodrigo Bione, advindo do PSol, e outros militantes do campo da esquerda.
Questionado sobre como Túlio reage quando abordado a respeito de uma possível candidatura no Recife, Pedro Josephi disse que o deputado trata como “natural”: “É normal alguém que tem um mandato ter seu nome colocado para a disputa de um cargo eletivo. Ele sabe das responsabilidades”. Ainda de acordo com o advogado, Túlio pode se apresentar como uma alternativa aos cenários atuais. “Existe uma tentativa do PSB de monopolizar o debate político e uma oposição de direita que está ligada à retirada de direitos dos trabalhadores”, disse.
UM PDT FORTE – Para o pedetista André Carvalho, que também é aliado próximo de Túlio, a recomendação do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, de ter candidaturas em cidades com mais de 200 mil habitantes, visa fortalecer o projeto de 2022 da legenda. “É preciso ter projetos fortalecidos nas cidades, com vida orgânica, mas que também alimente a sede de identificação de muitas pessoas com o projeto de Ciro Gomes”, explicou André.
Além das articulações externas, para levantar a bandeira de uma chapa majoritária na eleição da capital pernambucana, o PDT terá que superar divisões internas, já que, atualmente, dois grupos disputam a hegemonia do partido em Pernambuco. O presidente atual da legenda no estado, Wolney Queiroz, é próximo ao PSB, e seus aliados ocupam cargos no primeiro escalão das gestões socialistas.
Na Prefeitura do Recife, o PDT ocupa a Secretaria de Habitação, com Isabella de Roldão à frente da pasta, e, no governo do estado, indicou Alberes Lopes, vereador de Caruaru, que chefia a Secretaria do Trabalho.
OUTRA VISÃO – “Sobre Recife, temos uma visão um pouco diferente da de Wolney, mas não há problemas porque o corpo de filiados vai definir a decisão (de ter candidatura). Entendemos que o PSB não tem mais o que dar do ponto de vista de inovação na gestão, de fazer uma política com participação da sociedade civil”, afirmou Pedro Josephi. No ano passado, o PDT apoiou, oficialmente, a candidatura de Maurício Rands (Pros) ao governo do estado, mas, na campanha, Wolney e o seu pai, o deputado estadual José Queiroz, apoiaram também Paulo Câmara. Inclusive, em ato de campanha, Wolney chegou a usar o adesivo de Paulo Câmara e vice-versa.
Além disso, o partido manteve à época o titular da Secretaria do Trabalho, Wellington Batista, no governo Paulo Câmara, mesmo após a decisão nacional da legenda sair da base aliada do PSB.
MUTIRÕES – Em deliberação feita no fim do ano passado, ficou estabelecido que, até junho próximo, convenções municipais do PDT devem ser realizadas. Trata-se de um processo de ajuste na democracia interna do partido, que, até então, tem comissões provisórias nomeadas nos estados pelo presidente nacional, Carlos Lupi. Além disso, uma outra abertura foi feita no processo de escolha das composições: os filiados até 15 dias antes da convenção terão poder de voto nas cidades.
No Recife, liderados por Túlio Gadelha, partidários têm feito mutirões para agregar filiados mensalmente à legenda brizolista. A estimativa é que mais de 600 pessoas tenham ingressado desde dezembro.
“É um movimento natural. Não é apenas para termos maioria nas constituições dos diretórios no Recife. Após a eleição do deputado Túlio, com quase 30 mil votos no Recife, a juventude passou a procurar o partido, demonstrando identificação. Isso acontece porque há um movimento de ajuste no pensamento progressista, seja porque o PT não consegue mais representar a esquerda ou porque há identificação com as ideias do PDT”, declarou Pedro Josephi.