Dizem que o Marechal Eurico Gaspar Dutra teve um encontro com o presidente norte americano Harry Trumman. Era final dos anos 1940, tempos de Guerra Fria, e os Estados Unidos queriam se aproximar dos países latino americanos e evitar que a União Soviética interferisse no continente. Truman foi cordial com Dutra:

  • How do you do, Dutra?
  • How tru you tru, Truman?, respondeu nosso presidente.

Verdade ou não, essa historinha já entrou para o folclore político. Talvez inventaram isso para quebrar a imagem fechada do nosso presidente. Dutra era militar e durante a Era Vargas foi Ministro da Guerra até agosto de 1945 para disputar a Presidência. Com o apoio do antigo chefe, Dutra foi eleito derrotando o também militar Eduardo Gomes. Nem só de eleição indireta chegou um militar ao poder no Brasil.

O governo Dutra foi o da redemocratização após oito anos de ditadura do Estado Novo. A Constituição de 1946 restabeleceu as liberdades rasgadas pelo golpe de 1937. Com a Guerra Fria começando a dividir o mundo, Dutra optou pelo lado americano e se aproximou dos Estados Unidos. Outra medida do seu governo foi o Plano Salte, que direcionava o investimento público para a saúde, alimentação, transporte e educação.

A primeira dama era a Dona Carmela Leite, mais conhecida como Dona Santinha. Católica fervorosa, ela influenciou o marido presidente a proibir os jogos de azar e os cassinos e a fechar o Partido Comunista. A liberdade voltava ao Brasil depois da repressão getulista, mas nem tanto.

Dutra passou a faixa presidencial para Getúlio Vargas, em 1951. O velho ditador voltava ao poder nos braços do povo. Enquanto isso, o velho marechal ficou beirando a política apoiando o golpe de 1964. Seu nome foi lembrado para assumir o poder após a deposição de Jango, mas o escolhido foi Castello Branco.

O Marechal presidente morreu em 11 de junho de 1974, no Rio de Janeiro. Ele tinha 91 anos. Seu nome batiza a estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Dizem que ninguém via o que Via Dutra.

COM INFORMAÇÕES DO JORNAL OPÇÃO – Por Carlos César Hiha