Mauro Sales, a União Brasileira de Escritores e a Vida da Luz. Por Edson Mendes

Por Edson Mendes

“A UBE-PE é uma das mais importantes organizações culturais do meu estado e do nordeste. Ela congrega escritores – dos maiores e mais conhecidos até os mais humildes e até inéditos – e os reúne em torno das causas comuns que passam pela valorização da palavra, pela promoção do livro, pelo enaltecimento da Literatura, pela difusão da vida e da obra dos mestres escritores do nosso país. A UBE, ao mesmo tempo, busca permanentemente o diálogo com a juventude, promovendo congressos e seminários, organizando comemorações, realizando conferencias e cursos. O melhor é que ela realiza sua obra – raiz de sua crescente dimensão e prestígio – enfatizando o seu compromisso com os poetas, os teatrólogos, os contistas, os romancistas, os críticos, os historiadores e os cronistas de todo o nordeste brasileiro. Ela é, também, o reflexo das suas lideranças, onde os presidentes […] brilham pela competência, pela capacidade de trabalho e pelo amor que dedicam às letras pernambucanas, nordestinas e brasileiras.” – Mauro Salles, advogado, jornalista, publicitário, redator do 1º projeto do Código de Ética da Propaganda Brasileira, na Rua de Santana, 202, Sede da UBE, em 23 de abril de 2003.

IDOS DE OUTUBRO – Seu pai, Apolônio Salles, ministro da Agricultura, apresentou o anteprojeto sobre o Sumidouro do São Francisco, sonho de tantas gerações, em abril de 1944. Enfrentou a oposição do Ministério da Fazenda e da Comissão de Planejamento Econômico. O aproveitamento de Paulo Afonso foi combatido pelo Ministro Souza Costa, que afirmava: gastar dinheiro ali será um desperdício. Para Eugenio Gudin a obra seria uma loucura pois, entre outras razões, não havia mercado. A conspiração dos derrotistas alastrou-se para combater a obra sob os mais variados pretextos. Obteve, contudo, o apoio presidencial. A decisão dos Presidentes Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra, de construir Paulo Afonso, foi um grande momento da história do Brasil. Um ano e meio depois, manhãzinha, segunda-feira, Apolonio Sales foi chamado pelo Presidente da Republica, que lhe disse: assino hoje em sua homenagem, e da Santa Terezinha, de sua devoção, mas a data é de depois de amanhã, quando circula o Diário Oficial. E assinou o Decreto-Lei 8.031, de 03.10.1945. criando a Companhia Hidroelétrica do São Francisco-CHESF, a Redenção do Nordeste que hoje é a cidade de Paulo Afonso, no coração do Brasil. Eu nasci lá, 70 anos atrás. Sou, portanto, da cidade que ilumina a sua. Em 29.10.45 Getulio Vargas foi deposto. Em 15.1.1955 a Usina PA-I foi inaugurada pelo Presidente Café Filho, ao som da musica famosa de Zé Dantas e Luiz Gonzaga (“Delmiro deu a ideia, Apolonio aproveitou, Getúlio fez o decreto e Dutra realizou.”). Getúlio morreu em 1954, o Pai, Apolonio, em 2003, o filho, Mauro, hoje. Todos estão dormindo; profundamente. Há vivos que já estão mortos. Há mortos que ainda estão vivos, e viverão eternamente. Temos, todos, uma divida, que devemos pagar todos os dias. Honrar pai e mãe, e filhos, e avós, e irmãos. Estou aqui, na calçada em frente ao número 202 da Rua de Santana. Esperando vocês. A casa está no escuro – cortaram a energia elétrica. Tem um pedaço de papel rasgado no lixo, vencido: R$ 2.717,20. Mas não está escuro. Zé Dantas e Seu Luiz já disseram quase tudo, e Gordurinha completou: “Se ligarem mais um fio, você ilumina o Rio, São Paulo e toda nação.” A UBE renascerá.