LITERATURA – É preciso não esquecer nada – Cecília Meireles

LITERATURA

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É preciso não esquecer nada

Cecília Meireles

É preciso não esquecer nada:

Nem a torneira aberta nem o fogo aceso,

Nem o sorriso para os infelizes

Nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta

Nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,

O nosso nome, o som da nossa voz,

O ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,

A ideia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,

Vigiados pelos próprios olhos.

Severos conosco, pois o resto não nos pertence. Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro RJ em 7 de novembro de 1901. Órfã muito cedo, foi educada pala avó materna e diplomou-se professora pelo Instituto de Educação em 1917. Viajou pela Europa, Estados Unidos e Oriente e logo dedicou-se ao magistério. No exercício da profissão, participou ativamente do movimento de renovação do sistema educacional brasileiro. Fundou, em 1934, a primeira biblioteca infantil do país e, de 1936 a 1938, lecionou literatura luso-brasileira, técnica e crítica literária na Universidade do então Distrito Federal. Ensinou na Universidade do Texas (1940) e colaborou na imprensa carioca, escrevendo sobre folclore, tema de sua especialidade.