Situação econômica e social é que leva o povo a decidir seu voto nas urnas

Sem mudança no panorama social, tendências de votos permanecem

Pedro do Coutto

Uma nova pesquisa do Datafolha realizada no final da semana e hoje objeto de uma ótima reportagem de Fernando Canzian, Folha de S. Paulo, revela que 77% dos eleitores e eleitoras do país decidem seus votos com base na situação econômica e social do país, fazendo com que escolham entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva.

Para 54%, o fator econômico (e social, acrescento) é muito importante para a escolha do candidato. Para 23%, é importante. Portanto, são 77% do eleitorado que define qual seu candidato de acordo com a situação, na realidade mais social do que econômica do país, porque os dois fatores conjugados balizam o poder de compra da população e fecham ou abrem perspectivas de melhores níveis de vida. Para 21%, não têm importância alguma.

PODER DE COMPRA – Quando a pesquisa assinala preocupação com o panorama econômico nacional, evidentemente que é preciso acrescentarmos a palavra social a tal panorama, pois é isso que atinge diretamente o poder de compra comprometido pelo fato de a inflação estar superando os reajustes salariais, quando eles ocorrem.

A pesquisa acrescenta que não havendo mudança no panorama social, não deverá haver mudança nas tendências de votos registradas até agora. Esse ângulo de análise relativa à motivação do eleitorado faz com que caso o governo não altere os rumos da política econômica adotada, a maioria não mudará de voto, o que bloqueia qualquer reação de Bolsonaro nas estatísticas e impede o surgimento da terceira via. Assim, o quadro das eleições de 2 de outubro parece cristalizado.

AÇÃO DOS INFLUENCIADORES –  Uma excelente reportagem de Daniela Madureira, Folha de S. Paulo, edição de domingo, focaliza o fato divulgado informando que o país possui no momento quinhentas mil pessoas que atuam nas redes da internet e são considerados influenciadores. Mas a pergunta que faço é, influenciadores de quê? Influenciadores de quem?

Porque é preciso definir qual o trabalho que exercem os influenciadores que tem necessidade de remuneração mensal para viver. A matéria esclarece que a presença dos influenciadores nas redes sociais tem base num mercado coordenado por agências que desenvolvem a atuação desses profissionais para destacar a imagem de seus produtos e marcas dos serviços, que se refletem em rótulos que separam uma mercadoria das outras.

O valor das campanhas nas redes sociais, especialmente no Instagram, é também desenvolvido pelo Youtube e pelo Tik Tok. Agora está explicado o que é a atividade dos influenciadores. Não se refere à passagem de opiniões sobre política, economia ou ângulos sociais. Eles são voltados para a colocação de produtos no mercado. Nada contra a publicidade comercial, apenas acentuo que ela não é axiomática, ou seja, não precisa ser comprovada na prática.

CANDIDAURA DE MOURÃO – O vice-presidente Hamilton Mourão, de acordo com reportagem de Alice Cravo, O Globo de domingo, vai iniciar nesta semana diversas viagens ao Rio Grande do Sul como parte de sua campanha ao senado. Ele pretende se reunir com lideranças evangélicas para fortalecer a sua candidatura. Mourão concorre pelo Republicanos.

Questiono se há necessidade ou não de o vice-presidente se desincompatibilizar, como acontece com ministros de Estado, dirigentes de empresas estatais e autarquias. O presidente da República para disputar a eleição não precisa se desincompatibilizar. Mas, se o presidente concorrer a outro cargo, digamos, ao Senado, ele precisará deixar o Planalto seis meses antes do pleito.

No caso de Mourão, parece que a obrigatoriedade não o atinge. Pois caso contrário teria renunciado para desencadear sua campanha pelo Rio Grande do Sul.