Uma ação compartilhada entre o governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife levou à invalidez de 10.125 frascos do antibiótico Cefepima, comprados emergencialmente em 2020 pela gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) no Recife. Os itens perderam a validade no mês de março e agora devem seguir para incineração.

A denúncia foi feita pela deputada estadual Priscila Krause (Cidadania) no plenário da Assembleia Legislativa, durante sessão da manhã desta quarta-feira (27).  Em fevereiro, através das redes sociais, a parlamentar havia alertado para a grande quantidade do item à disposição dos estoques das secretarias de Saúde do Recife e de Pernambuco. Desde fevereiro, Priscila também levou o fato aos órgãos de controle, como o Ministérios Público Federal, o Estadual e os tribunais de Contas da União e do Estado.

“A gente atuou e a partir disso houve uma distribuição às pressas do estoque. Pelo menos oito mil frascos dos dezoito mil que estavam parados tomaram algum destino, mas isso não apaga o fato de que dez mil unidades, equivalente a um custo de quinhentos e quarenta mil reais, ficou inutilizado. Temos um problema de origem que é o fato de João Campos ter recebido um estoque milionário e totalmente desproporcional à necessidade da cidade e não ter dado um pio. Calou-se e começou a repassar volumes absurdos de item para o governo Paulo Câmara, que nitidamente não tinha demanda, pois já faz suas compras por unidade hospitalar. Literalmente está sendo feita uma desova para esconder o crime de superdimensionamento e superfaturamento que marcou a gestão da pandemia no Recife”, complementou.

Segundo documentos dos próprios sistemas de estoque estadual e municipal, encontram-se invalidados 9.162 frascos no almoxarifado da secretaria estadual, em Jaboatão, e mais 963 ampolas no estoque da Prefeitura, que funciona num galpão na Guabiraba.

No acompanhamento realizado pelo mandato da deputada, foram observados desde o último mês do governo Geraldo Julio registros de transferências volumosas de insumos (EPI’s, medicamentos e material de penso) do Recife para o estado de Pernambuco. Os repasses foram denominados de “empréstimos”, mas não há comprovante de que a gestão estadual estivesse precisando dos itens. No caso do antibiótico, 12,5 mil unidades foram entregues ao governo estadual em abril de 2021, já no governo João Campos (PSB), e desde lá nenhum foi utilizado.