Por Antonio Magalhães*

“Deixar como está, para ver como é que fica”. Em determinadas situações, o então ditador ou presidente (você escolhe) Getúlio Vargas (1882-1954) gostava dessa expressão de prudência ou covardia para esperar melhores tempos durante os quase 20 anos em que presidiu a República.

E como é que ficam os atuais abusos institucionais? Absurdas decisões judiciais como o favorecimento do Supremo Tribunal Federal para a prescrição dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do ex-presidente Lula. Acusações infundadas da imprensa contra Bolsonaro, perseguições a aliados do governante com o nítido objetivo de inviabilizar a candidatura à reeleição do presidente.

Há um desacerto entre os poderes da Nação, em que um deles, o Judiciário, que deveria ser o guardião da Constituição Federal, age como criador e dono de leis que geram práticas esdrúxulas, vistas como absurdas por quem entende, como os juristas Ives Gandra e José Paulo Cavalcanti Filho.

Hoje, esses abusadores das leis e da paciência dos brasileiros são conhecidos por todos, vistos e revistos na mídia, nas redes sociais, comentados nos cochichos entre conhecidos. A sociedade não pode deixar como estar, como fazia Vargas, para ver o caos se aprofundando. Ver um golpe sem tanques ou soldados que está sendo armado por elementos alinhados na Alta Corte, em setores da mídia, no empresariado acostumado à facilidades e entre políticos da velha estirpe, como registrou o conceituado jornalista José Roberto Guzzo. A sociedade precisa reagir neste momento.

Em 7 de setembro de 2021, os brasileiros mostraram sua disposição para combater esses abusos. Foi dado o recado aos “antipovo” que as dificuldades que estão sendo impostas podem ser vencidas obedecendo a Constituição. E é esse o caminho que vem sendo seguido pela autoridade do Executivo.

Já os violadores da Carta Magna estão do outro lado, como os ministros do STF que se postam como lideranças oposicionistas ao atual Governo quando deveriam ser árbitros das questões propostas. E quando um dos maiores empresários brasileiros, o bilionário Jorge Paulo Lemann (Ambev), dono de uma bancada de parlamentares amestrados, anuncia publicamente que em 2023 teremos um “novo” presidente, com grande repercussão na mídia. O que ele sabe que não sabemos? A eleição presidencial já está definida?

Como lembrou o jornalista Carlos Alberto Di Franco no Estadão esta semana: “As eleições estão aí. E é preciso votar bem. Não basta escolher, com liberdade e consciência, o presidente da República e os governadores. É preciso renovar, profundamente, o Congresso Nacional. A transformação do Brasil passa, necessariamente, pelos corredores do Parlamento. Não devemos votar em candidatos sob suspeição, em políticos indiciados, em oportunistas ou covardes. É preciso, com lupa, procurar gente competente, preparada, com espírito de serviço e visão grande. Sobram projetos de poder e faltam projetos de país”.

O “deixar como estar para ver como é que fica” foi fatal para Getúlio Vargas. Não reagiu a tempo diante dos desmandos dos aliados e das forças de oposição, que terminaram por leva-lo ao suicídio em 1954. A sociedade brasileira não pode se anestesiar pela inércia, enquanto os inimigos da democracia – que falam o tempo todo que defendem a democracia – agem para levar o país para o atraso e para o silêncio das opiniões divergentes. É isso.

*Jornalista