Por Raimundo Carrero
Membro da Academia Pernambucana de Letras
Mais tarde escreveria artigo sobre os dois, na Revista Universitária, destacando o socialismo de Kazantzakis, chegando a ser ministro da ilha grega de Creta. Mas de Hemingway admirava a força física e o destemor para enfrentar as dores do mundo, mesmo recorrendo ao suicídio na decadência.
Depois do almoço, a conversa entrava pela tarde e no começo da noite eu voltava para casa, escutando, ainda, o debate muitas vezes acalorado. Era um sem fim de conversas que, para mim, serviram de aprendizado que guardei para sempre. Este sempre não demora muito porque estou entrando no último ciclo da vida. E que me serviria de univesidade.
Houve um tempo que as reuniões, tão ricas e tão belas, deram lugar ao meu trabalho na redação do Diario de Pernambuco, onde fiquei responsável pelas edições da segundas-feiras, fechadas, naturalmente, no domingo de futebol, praias e procissões, além de política – artigos, entrevistas e debates.
Uma tarde de sábado, quem entrou no terraço, acompanhado de dona Madalena, foi Miguel Arraes, disposto a uma boa conversa, no que era mestre. Falava sério sobre política, contava histórias dos amigos Gabriel Garcia Marquez, José Saramago e Manoel Alegre.
Mais tarde, essas reuniões se realizariam somente na casa de Ariano, sempre na Rua do Chacon, com a fildalguia de dona Zélia e a cumplicidade de Joaquim e Dantas, além das meninas que só passavam pela sala com os olhos curiosos, atentas. Um tempo para nunca esquecer, agora que estou sozinho, com as minhas querelas literárias.