“Foi o pior janeiro do governo”, diz Mourão sobre o desmatamento na Amazônia

Mourão diz que não 'há clima' para impeachment e evita comentar falas de Bolsonaro | CNN Brasil

General Mourão admite que nunca houve tanto desmatamento

Mariana Costa e Marcelo Montanini
Metrópoles

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), admitiu na manhã desta terça-feira (8/2) que janeiro foi o pior mês, desde o começo do governo, em relação a registros de desmatamento ilegal na Amazônia. O presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal) atribuiu o aumento à “falta de pessoal para operar em campo”.

“Desmatamento em janeiro foi ruim, foi bem ruim. Então, estamos avaliando aí, né? A Amazônia é imensa, e nós temos pouca gente para operar em campo, o Ministério da Justiça e o Ministério do Meio Ambiente estão operando, mas houve um avanço da turma e estamos avaliando por quê”, disse Mourão.

RECORDE ANTECIPADO – O desmatamento na Amazônia Legal bateu mais um recorde antes mesmo do fim de janeiro deste ano. Com dados apenas até o dia 21, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 360 km² desmatados.

O número é o maior desde 2015, início da série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Os alertas de desmatamento no mês de janeiro foram de 83 km² em 2021, 284 km² em 2020, e 136 km² em 2019.

Ou seja, a destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018. Isto é o que mostra o levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), publicado na semana passada.

CONIVÊNCIA DO GOVERNO – Para o Ipam, o avanço ficou evidente ainda no segundo semestre de 2018, na esteira das eleições presidenciais daquele ano, pleito que elegeu Jair Bolsonaro (PL) como presidente da República. Durante a atual gestão, a situação piorou, devido ao enfraquecimento de órgãos de fiscalização, à falta de punição a crimes ambientais e à significativa redução de ações imediatas de combate e controle de atividades ilegais.

De acordo com a pesquisa, mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal. Em termos absolutos, florestas públicas não destinadas foram as mais atingidas: tiveram alta de 85% na área desmatada, passando de 1.743 km² derrubados anualmente para mais de 3.228 km².

De acordo com dados divulgados em janeiro pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento registrado na região em 2021 foi o pior dos últimos 14 anos.