Pré-campanha de Lula coleciona erros, mas só agora seus adversários estão percebendo

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Lula e o PT defendem teses que podem lhe tirar muitos votos

Deu na Coluna do Estadão

Poucos militantes no PT e entre os devotos de Lula têm coragem de admitir, mas, apesar da liderança folgada nas pesquisas, o calejado ex-presidente petista vem cometendo, sim, erros táticos na condução de sua pré-campanha e revelando fragilidades e inconsistências de sua agenda.

Do elogio a ditaduras, passando pelo controle da imprensa, até chegar à mais recente das derrapadas, a revisão da reforma trabalhista dos anos Temer, Lula abre flancos para adversários e assusta aliados e potenciais aliados.

TREINADOR RUIM – Um deles, em conversa com a Coluna, fez uma analogia futebolística, bem ao gosto do ex-presidente, para resumir o quadro: Lula é um treinador das antigas comandando um elenco de nível Série B.

Mesmo sem entrar no mérito da proposta, o “revogaço” das reformas foi considerado um erro estratégico primário para uma pré-campanha: 1) a discussão é inoportuna, prematura; 2) não agrega apoios e só fideliza os que Lula já tem; 3) municia adversários. Um bom marqueteiro não teria deixado isso acontecer.

Em ordem unida, petistas se apressaram em alardear que a escolha de Guido Mantega como porta-voz econômico não significa que o ex-ministro da Fazenda terá voz ativa na campanha. Como se Lula fosse um iniciante e desconhecesse a máxima de que em política gestos são tão importantes quanto atitudes.

EFEITO GLEISI –  Os aliados de fora do PT e os petistas que não são apenas devotos cegos atribuem as derrapagens ao centralismo de Lula e à proximidade dele com Gleisi Hoffmann.

O resultado é que os adversários do PT no centro começaram a sair da inanição: Moro e Doria bateram firme no “revogaço”. “O emprego não voltará ressuscitando leis ultrapassadas”, disse o pré-candidato tucano.

A dificuldade da terceira via nas pesquisas e os retrocessos da dupla Lula e Jair Bolsonaro criaram no empresariado neste início de ano um ambiente propício para alguns “devaneios eleitorais”. O maior deles é o abandono de Bolsonaro, que desistiria da reeleição em busca de imunidade parlamentar. Ainda assim a equação precisaria de uma união do centro em torno de um candidato capaz de evitar a vitória de Lula no primeiro turno. O fato é que até agora o cenário é o mesmo de 2020: Lula e Bolsonaro na frente.

CASO ANVISA – Bolsonaro tomou uma esfrega do contra-almirante Antônio Barra Torres como havia muito tempo não se via no debate público nacional. E o presidente da Anvisa foi o topo entre os assuntos mais comentados no Twitter no final de semana.

Portanto, saiu pela culatra esse tiro da manjada estratégia do presidente Bolsonaro de atacar a Anvisa para desviar o foco de problemas como a inflação, o desemprego e a ausência de um projeto de crescimento para o país.