Fundaj: Revista Ciência & Trópico reflete desastres naturais e saúde

A nova edição da Ciência & Trópico, da Fundação Joaquim Nabuco, já está no ar. Neste volume 45 número 2, a revista científica aborda saúde e meio ambiente. São 15 artigos que abrangem desde o impacto psicossocial nas vítimas do rompimento da barragem de mineração em Mariana, Minas Gerais, em 2015, até uma análise do que esteve em jogo na 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, a COP26. Disponível também em inglês e espanhol, o título está disponível em www.periodicos.fundaj.gov.br.

Na apresentação, a editora-chefe Alexandrina Sobreira traz um panorama da edição, comenta a importância de desnaturalizar os desastres ambientais e sua dimensão internacional. A origem é esmiuçada pela antropóloga social e historiadora mexicana Virginia García-Acosta em “A História do conceito de Desnaturalização de Desastres”, presente na edição. “Os desastres não são naturais, são construídos socialmente”, sentencia a pesquisadora membro da Academia Mexicana de Ciências (AMC), em publicação na Agência Iberoamericana para Difusão da Ciência e da Tecnologia.

Mas não é só do olhar para trás que se faz este número, em “Por que a naturalização de desastres continua?”, a geógrafa e consultora de cidades Claudia Natenzon e a pesquisadora Aurora Besalú Parkinson denunciam a vulnerabilidade social agravada por danos associados às mudanças climáticas na Argentina e como o direito se mantém instrumento de privilégio, ampliando a desigualdade. Respostas e soluções encontradas nos “Apontamentos para produção de saber e mobilização comunitária: pelas redes de redes”, por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A colaboração com a instituição sediada no Rio de Janeiro, aliás, é outro marco deste volume 45.2. “É difícil reconhecer que nós mesmos, sociedade, governos, stakeholders do desenvolvimento, organizações internacionais, engendramos o comprometimento da justiça social expressa nas desigualdades sociais cada vez mais evidentes”, escreve Alexandrina. A capa desta edição é ilustrada pela xilogravura Casa no Sítio, de J. Borges. Para a editora, um lugar em que cabem as cores da reconstrução e da esperança.