“Devolver a terra à pedra que era: 50 anos da Oficina Brennand” abre para o público neste domingo (21)
“Devolver a terra à pedra que era: 50 anos da Oficina Brennand” reúne cerca de 200 itens, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, serigrafias e documentos, muitos deles expostos pela primeira vez neste local. A mostra, que deve permanecer em cartaz durante um ano, ocupa dois pisos do espaço Accademia, prédio localizado ao fundo do monumental complexo artístico de 15 km2.
“Essa é a primeira grande exposição depois da transformação da Oficina em instituto e também depois do falecimento de Francisco. Ela traz, pela primeira vez, o recorte dos eixos conceituais que norteiam nosso programa institucional, celebrando a trajetória artística de Francisco Brennand e da construção de seu grande sonho”, afirma Marianna Brennand, sobrinha-neta do artista e presidente da Oficina Brennand.
As obras que compõem a exposição foram selecionadas do acervo do museu – que conta com aproximadamente 3 mil peças – e também cedidas por coleções particulares e de outras instituições. A curadoria é assinada por Júlia Rebouças, diretora artística do instituto, e Julieta González, venezuelana que já trabalhou em equipamentos culturais como o Tate Modern, em Londres, o Museu de Arte do Bronx, em Nova York, e o MASP, em São Paulo.
O trabalho curatorial realizado pela dupla se apoia nos três pilares conceituais que guiam o projeto institucional da Oficina: “Natureza”, “Território” e “Cosmologias”, tendo como foco principal a primeira temática. Nesta perspectiva, um dos destaques é a presença de 13 dos quadros que compõem a pouco conhecida “Série Amazônica”, produzida entre os anos 1960 e 1970. As telas recebem o público ainda no primeiro piso da exposição, dividindo espaço com esculturas com formas de animais e vegetais.
“A gente observa a relação de Brennand com a mata da Várzea e o rio Capibaribe, sua incrível capacidade de inventar seres e de forjar uma natureza, seja no hibridismo das figuras que ele criava, nas aproximações com formas humanos ou no exercício incessante dele de pensar a natureza como nascimento, transformação e morte”, aponta Júlia Rebouças.
Para adentrar no aspecto do “Território”, a exposição explora a relação entre a produção artística de Brennand e o entorno onde foi concebida, tendo em vista os aspectos históricos, culturais, geográficos e políticos da região. O eixo “Cosmologias” trabalha o aspecto fabular na produção do pernambucano, através das representações mitológicas tão presentes na sua obra.
Brennand passou a ocupar o que era a Cerâmica São João da Várzea, antiga fábrica de telhas e tijolos do seu pai, no dia 11 de novembro de 1971. De um ateliê para dar vazão à fruição artística do escultor, o espaço se transformou em um dos principais destinos turísticos e culturais do Recife. Neste novo momento, ainda que limitado pelas incertezas de uma pandemia, a instituição busca reforçar seu caráter eminentemente público.
“Nosso desejo é de aproximar cada vez mais a população desse espaço e da obra do Brennand. E vamos fazer isso, por exemplo, ampliando nossa programação, implantando um programa perene de educação e ação no território da Várzea, fazendo a sua obra dialogar com outros artistas e linguagens, através de exposições, residências artísticas e educativas, entre outros programas de caráter público”, promete Marianna.
Serviço
Exposição “Devolver a terra à pedra que era: 50 anos da Oficina Brennand”
Oficina Brennand (Propriedade Santos Cosme e Damião, rua Diogo de Vasconcelos, s/n, Várzea)
De terça a domingo, das 10h às 18h
R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Informações: (81) 2011-5466
Fonte: FOLHAPE