Fernando de Noronha volta atrás sobre pulseiras com cores diferentes para influencers e turistas após críticas de segregação

Antes mesmo de entrar em vigor, o sistema que usa pulseiras para fazer pagamentos sem necessidade de internet por turistas e moradores de Fernando de Noronha provocou polêmica. Os acessórios seriam diferenciados por cores, de acordo com o poder aquisitivo ou categoria da pessoa, entre visitantes, artistas ou influencers. Diante de críticas, a empresa responsável e o governo local voltaram atrás e mudaram o formato do projeto.

Na ilha, a qualidade da internet é ruim e muitas vezes as pessoas não conseguem usar cartões de crédito. Com as pulseiras, será possível fazer pagamentos em hotéis, pousadas, táxis e atrações turísticas.

Com a ideia original, haveria uma pulseira para cada tipo de cliente. A preta seria usada por quem adquirisse crédito acima de R$ 10 mil. A azul poderá receber recargas até R$ 10 mil e o usuário ganharia brindes nos principais restaurantes da ilha.

A pulseira roxa, para “embaixador/influenciador”, teria todos os benefícios da pulseira preta e seria voltada para celebridades, influenciadores e artistas.

A cinza seria destinada a comerciantes. Havia, ainda, a opção pela pulseira rotativa (reutilizável) na cor verde, sem o pagamento do valor simbólico, que terá que seria devolvida obrigatoriamente pelo visitante na saída da ilha.

Com as críticas feitas pelas redes sociais, o governo local anunciou que, em vez das cinco cores da ideia original, serão usadas apenas as pulseiras verdes e as cinzas, identificando comerciantes e clientes.

Taxista critica uso de pulseiras com cores diferentes em Noronha

Na internet, a ideia de usar cores diferentes foi associada a uma prática de segregação, sobretudo, por causa do valor acima de R$ 10 mil para a pulseira preta.

Na ilha, o taxista Rinaldo de Oliveira disse que não vai usar a pulseira. Ele disse que a ideia é “desrespeito à sociedade. É discriminação”, declarou (veja vídeo acima).

Para ele, existe dinheiro para ser usado. “Ninguém é bicho para usar essa pulseira”, afirmou. O professor de capoeira Rogério Cueca disse que a ideia é “racismo, por causa das pulseiras com valores”.

Presidente do Conselho de Turismo de Noronha, Dora Costa disse que a proposta das pulseiras com várias cores teve repercussão “muito negativa” para a ilha, como destino turístico. #espero que isos melhore, a partir da mudança”, disse.

“Não estou sabendo direito como funcionará. Além disso, acredito que |Noronha precisa de internet e não pode ficar sem a rede”, declarou.

Nesta quarta, o grupo Meep, responsável pela nova modalidade de pagamento, divulgou uma nota e informou que o uso da pulseira eletrônica não teve a aprovação da Administração de Fernando de Noronha e que não será implementada da forma anunciada inicialmente.

“Como as pulseiras estão em fase de produção, nenhum material foi distribuído aos comerciantes ou usuários. A partir de agora, apenas serão identificados consumidores e comerciantes, por pulseiras verde e cinza, respectivamente. Dessa forma, usuários vão conseguir detectar de forma fácil quem está habilitado para a venda de créditos.”, descreveu a nota.

A Administração de Fernando de Noronha também divulgou uma nota sobre o projeto. “A diferenciação por categorias de cores fazia parte da proposta inicial dos idealizadores do projeto, mas não chegou a ser executada. Apenas dois tipos de pulseiras estão sendo produzidas: a verde, para os consumidores, e a cinza, para os comerciantes”, indicou.

O governo local informou, ainda, que a adesão ao sistema não é obrigatório, é opcional, como mais uma forma de pagamento para os usuários e que vai incrementar a economia da ilha.

COM INFORMAÇÕES DO G1