Após horas de depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor de carreira Luís Ricardo Miranda, lotado no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o parlamentar afirmou que o presidente Jair Bolsonaro citou o nome de Barros ao ouvir deles as suspeitas de irregularidades na aquisição do imunizante indiano.SUBSTITUIÇÃO – Nos bastidores, auxiliares da Presidência admitem que o caso pressiona Barros e o próprio governo, mas que ainda não está sendo cogitada a substituição do líder na Câmara. Alegam que, apesar da citação do nome de Barros, não há provas concretas da participação dele na negociação supostamente irregular.

Um integrante do Planalto compara a situação de Barros com a do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), indiciado sob acusação de propina de R$ 10 milhões de empreiteiras quando foi ministro da Integração Nacional no governo Dilma Rousseff (PT). Bezerra nega as acusações e segue na função.

BARROS NO TWITTER – O líder do governo na Câmara, após ser citado na CPI, foi ao Twitter dizer que não participação de nenhuma negociação envolvendo a Covaxin. “Não sou esse parlamentar citado”, escreveu, acrescentando que está “disponível para quaisquer esclarecimentos.”

Barros integra o Progressistas, partido que escancarou as portas do governo para o Centrão. O presidente da sigla é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais aliados do presidente e integrante da tropa de choque no governo na CPI.

A legenda também abriga o deputado Arthur Lira (PP-AL) que chegou à Presidência da Câmara com  apoio do Planalto.

O Progressistas deve ser o principal aliado na campanha de reeleição de Bolsonaro em 2022. Diversos integrantes do governo conversam para se filiar à sigla, como os ministros Fábio Faria (das Comunicações), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura).
BARROS, TAMBÉM – Antes de deixar o governo nesta semana, o ex-ministro Ricardo Salles também negociava sua ida para a legenda. Até mesmo Bolsonaro pode terminar filiado ao Progressistas.
O presidente negocia com o Patriota, mas um racha interno ameaça os planos do chefe do Executivo ingressar na legenda.

Desde a denúncia, o governo optou pela estratégia de atacar a credibilidade de Luís Miranda que envolveu diretamente o presidente no caso ao dizer que, junto com o irmão, esteve no Palácio da Alvorada para relatar os indícios de corrupção.