BRASÍLIA — O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o impacto dos depoimentos prestados nessa sexta-feira pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, à CPI da Covid no Senado. Ouvido comos testemunhas, os irmãos Mirandas afirmaram que alertaram ao presidente Jair Bolsonaro sobre um suposto esquema de corrupção na aquisição da vacina indiana Covaxin. Neste sábado, o vice-presidente não comentou sobre detalhes da acusação, mas defendeu o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Segundo ele, Pazuello não estaria envolvido em qualquer ilícito.

— Podem dizer o que quiserem do Pazuello, mas desonesto ele não é. Isso eu posso garantir — disse Mourão ao GLOBO.

Ao deixar o Ministério, em conversa com servidores, o ministro Pazuello chegou a sugerir a existência de corrupção na pasta. Na ocasiao, lembrou que foi pressionado por uma “liderança política” para atender a uma série de demandas orçamentárias. O ex-ministro, que chegou a citar o fato de “todos quererem um pixulé no fim do ano”, no entanto, não explicou a quem se referia.

Em seu depoimento, Luis Miranda relatou ainda que, durante uma conversa no Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro ouviu a denúncia e  atribiu a responsabilidade do esquema ao atual líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). Segundo Mourão, entretanto, o deputado Luis Miranda não seria uma testemunha confiável.

— Vamos aguardar, mas uma coisa eu posso dizer: não dá para comprar um carro usado desse Luis Miranda, embora denúncia não sai do convento — disse ao GLOBO, antes de completar: — Não estou convencido de que esse episódio todo vá prejudicar o presidente.

Desde o início da gestão Bolsonaro, o vice-presidente foi escanteado pelo próprio presidente. Em entrevista ao ao podcast “A Malu tá ON”, do GLOBO, Mourão já demonstrou incômodo com o distanciamento imposto pelo presidente em relaçao a ele. Sobre o caso Covaxin, Mourao afirmou na quinta-feira que seria “muito barulho por nada”.

— Eu não entendo por que o presidente me exclui das reuniões”, afirma ele, já advertindo: “Lembrando que eu, eventualmente, posso substituí-lo e ter de decidir sobre algum assunto desses, que eu não sei nada” — disse à época.