Pedro Ícaro
Correio Braziliense
O objetivo da CPI da Covid-19 não é emparedar ou constranger ninguém, mas sim definir um protocolo que salve vidas. Apurar responsabilidade deve estar em segundo plano, para não causar mais instabilidade institucional. Esse é o entendimento do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (20/4), em entrevista ao CB. Poder, programa realizado em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília.
O deputado está confiante com relação ao nome indicado para comandar a comissão, o senador Omar Aziz (PSD-BA), e afirma que o parlamentar será criterioso no direcionamento da CPI, punindo a quem cometeu malfeitos, mesmo que seja o presidente da República. Contudo, Ramos acredita que a situação da covid no Brasil não configura crime de responsabilidade.
APENAS MÁ GESTÃO – “No Brasil não se cassa mandato nem se pune por má gestão. É preciso crime, ou seja, crime pressupõe dolo. Eu, por exemplo, acho que o governo federal conduziu muito mal a pandemia, o enfrentamento da pandemia. Mas não conduziu por desejo de matar. Ele foi incompetente na gestão da pandemia”, disse.
O Amazonas passou por momentos críticos durante a pandemia como a crise de oxigênio. Em condições normais, o estado consumia 15 mil metros cúbicos de oxigênio. No início do ano, com o grande número de internações na rede hospitalar, o consumo chegou a 90 mil metros cúbicos. Segundo o deputado, a tragédia amazonense resultou de um conjunto de irresponsabilidades.
“Não dá pra negar a gravidade do nível de incompetência da gestão do ex-ministro Pazuello, que foi um desastre para o Brasil e para o Amazonas. O então ministro, dois dias antes de estourar a crise no oxigênio, esteve no Amazonas em uma mobilização por protocolo preventivo por cloroquina, por ivermectina”, lembrou o deputado. “Voltou (a Brasília) e não falou nada do risco de desabastecimento de oxigênio. Dois dias depois da estada dele lá, o Amazonas virou um caos”, completou Ramos.
MAIS SOLUÇÕES – Apesar de considerar desastrosa a atuação do governo federal durante o enfrentamento da pandemia, o vice-presidente da Câmara afirma que a CPI da Covid não deve ser vista como um tribunal.
Marcelo Ramos também comentou sobre o Orçamento 2021, motivo de muita controvérsia no Congresso. A proposta aprovada pelos parlamentares aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro, possivelmente com veto de R$ 10,5 bilhões a emendas parlamentares.
“Pós aprovação do orçamento, ficaram alguns problemas porque o relator optou por incluir duas despesas que não estavam acordadas: R$ 6 bilhões destinados à emenda de senadores e R$ 7,5 bilhões destinados a investimentos do poder executivo. Ou seja, como se fosse uma emenda para o presidente da República. Para tirar essa folga fiscal, o relator anulou despesas obrigatórias”, comentou o deputado.