Por que é grave que jornalistas tenham sugerido suicídio de Trump e Bolsonaro?

Por Samantha Cerquetani

No último domingo (10), o jornalista Ruy Castro sugeriu em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo que o presidente norte-americano Donald Trump deveria se suicidar para que se torne “um herói, um mártir, um ícone eterno para seus seguidores idiotizados”.

Em seguida, o jornalista Ricardo Noblat acrescentou no Twitter: “Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais”.

Por que o assunto deve ser levado a sério?

As declarações dos jornalistas causaram grande repercussão por tratar de um assunto bastante delicado: cerca de 800 mil pessoas se suicidam por ano, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). Isso equivale a uma morte por suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, estima-se que ocorram mais de 13 mil mortes deste tipo ao ano.

Para Fernando Fernandes, psiquiatra do Programa de Transtorno de Humor da USP (Universidade de São Paulo), fora as questões morais envolvidas, o suicídio não pode ser um tema banalizado.

“A morte por suicídio sempre envolve muito sofrimento e desespero. Desejar a morte por suicídio para um adversário ou concorrente é algo banal, como se fosse aceitável e desejável em algumas circunstâncias”, opina o psiquiatra, que também faz parte do conselho científico do Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos).

As razões que levam ao suicídio podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já pensou em tirar a própria vida. Segundo estudo realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em suicídio e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.

Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.

“Instigar o suicídio é algo deplorável. Isso porque dá a entender que é um algo bem-vindo para algumas pessoas. O suicídio deve ser um assunto falado com responsabilidade e é necessário destacar sempre as formas de prevenção”, diz Fernandes.

O especialista alerta sobre o Efeito Werther, termo usado na literatura médica para citar o aumento de suicídios depois de um caso amplamente divulgado, ou seja, o suicídio por imitação.

“Usar o termo suicídio para brincadeiras, de forma jocosa ou sensacionalista pode catalisar o ato em algumas pessoas que já estavam suscetíveis a isso. O tema deve sempre ser abordado com respeito, de forma preventiva, e não apenas como uma curiosidade mórbida”, diz o psiquiatra.

Para Fernando Fernandes, psiquiatra do Programa de Transtorno de Humor da USP (Universidade de São Paulo), fora as questões morais envolvidas, o suicídio não pode ser um tema banalizado.

“A morte por suicídio sempre envolve muito sofrimento e desespero. Desejar a morte por suicídio para um adversário ou concorrente é algo banal, como se fosse aceitável e desejável em algumas circunstâncias”, opina o psiquiatra, que também faz parte do conselho científico do Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos).

As razões que levam ao suicídio podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já pensou em tirar a própria vida. Segundo estudo realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em suicídio e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.

“Instigar o suicídio é algo deplorável. Isso porque dá a entender que é um algo bem-vindo para algumas pessoas. O suicídio deve ser um assunto falado com responsabilidade e é necessário destacar sempre as formas de prevenção”, diz Fernandes. O especialista alerta sobre o Efeito Werther, termo usado na literatura médica para citar o aumento de suicídios depois de um caso amplamente divulgado, ou seja, o suicídio por imitação.

“Usar o termo suicídio para brincadeiras, de forma jocosa ou sensacionalista pode catalisar o ato em algumas pessoas que já estavam suscetíveis a isso. O tema deve sempre ser abordado com respeito, de forma preventiva, e não apenas como uma curiosidade mórbida”, diz o psiquiatra.

Incitação ao suicídio é crime

De acordo com Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), atitudes simples como essas dos jornalistas podem reforçar o pensamento suicida.

“Além disso, o artigo 122 do Código Penal, desde 2019, tipifica como crime a incitação ou indução ao suicídio ou à automutilação. É importante lembrarmos que estamos falando da vida de alguém. A imprensa desempenha papel fundamental e tudo o que é divulgado pode ou não incentivar o ato suicida”, diz.

Para ele, tornar o suicídio banal, além de impactar quem está adoecido e não encontra saída, também desconsidera o luto de familiares e amigos de quem perdeu alguém por suicídio.

É importante falar sobre a prevenção

O suicídio é, ainda hoje, considerado um tabu por questões religiosas, morais e culturais. Por isso, ainda há medo e vergonha de falar publicamente sobre o tema.

“Precisamos debater o assunto para que as pessoas não tenham dificuldades em procurar ajuda. Mais do que isso, também precisamos agir para que a informação correta e o tratamento adequado cheguem à população. É importante sempre promover a saúde mental, prevenindo e auxiliando no reconhecimento das doenças mentais, desde seus primeiros sinais”, diz o presidente da ABP.